segunda-feira, 9 de abril de 2018

Livro no Blog: (UVCE):Capítulo 8 Como Vencer o Pecado

Há muitos que sustentam que o pecado consiste nos desejos. Que seja! Dominamos por força de resoluções os nossos desejos? Poderemos, pela resolução, deixar de satisfazer determinado desejo. Poderemos fazer ainda mais, abstendo-nos de satisfazer o desejo em sua manifestação exterior. Isso, porém, não é assegurar o amor de Deus, que é o que constitui a obediência. Se nos tornássemos anacoretas, emparedando nos em uma cela e crucificando todos os nossos desejos e apetites no que se refere à sua satisfação, apenas teríamos evitado certas formas de pecado, porém a raiz que realmente constitui o pecado não seria tocada. Nossa resolução não assegura o amor, a única verdadeira obediência a Deus. Todo o nosso batalhar contra a manifestação exterior do pecado à força das resoluções, apenas acabam tornando-nos em sepulcros caiados. É inútil lutar contra o desejo, a poder de resoluções; pois tudo isso, por mais bem sucedido que seja o esforço para reprimir o pecado, quer na vida exterior quer no desejo interior, acabará em desilusão, pois a poder de resolução não podemos amar.

Todos os esforços dessa natureza para vencer o pecado são inúteis, e ainda em desacordo com a Bíblia. Esta ensina expressamente que o pecado é vencido pela fé em Cristo. Ele é "o caminho, a verdade e a vida". Diz-se a respeito dos crentes que seus corações são "purificados pela fé" (At 15.9). E em Atos 26.18 afirma-se que são santificados pela fé em Cristo. Em Romanos 9.31-32 lemos que os judeus não atingiram a justiça porque não a buscaram pela fé e, sim, pelas obras.

A doutrina da Bíblia é que, pela fé, Cristo salva o seu povo do pecado; que o Espírito de Cristo é recebido pela fé para habitar no coração. É a fé que opera pelo amor. O amor é operado e sustentado pela fé. Pela fé os crentes "vencem o mundo, a carne e o diabo". É pela fé que se "apagam todos os dardos inflamados do maligno". É pela fé que os crentes se "revestem do Senhor Jesus Cristo" e "se despem do velho homem com os seu feitos". É pela fé que combatemos "o bom combate", e não pelas resoluções. É pela fé que "ficamos em pé" e pelas resoluções é que caímos. Esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé. É pela fé que a carne é subjugada e conquistados os desejos carnais.

Na realidade é simplesmente pela fé que recebemos o Espírito de Cristo para operar em nós o querer e o efetuar segundo seu beneplácito. Ele derrama em nosso coração o seu próprio amor, acendendo assim o nosso. Toda vitória sobre o pecado vem pela fé em Cristo; e quando o pensamento se desvia de Cristo para as resoluções e as lutas contra o pecado, quer tenhamos consciência disso ou não, estamos agindo com nossas próprias forças, rejeitando o socorro de Cristo: estamos sob uma perigosa ilusão. Nada., senão a vida e energia do Espírito de Cristo dentro de nós, pode salvar-nos do pecado: e a confiança é a condição uniforme e universal da operação dessa energia salvadora dentro de nós.



Até quando esse fato continuará sendo ignorado, pelo menos na prática, pelos ensinadores da religião? Até que profundidade vai a raiz da presunção da justiça própria e da auto-dependência no coração do homem? É tão profunda que esta é uma das lições que o coração do homem mais custa a aprender: renunciar à amo-dependência e confiar inteiramente em Cristo. Quando abrirmos a porta para a confiança absoluta, ele entrará e fará conosco e em nós a sua morada. Inundamo-nos do seu amor. Ele faz toda a nossa alma reviver para senti-lo e. assim e somente assim, purifica o nosso coração pela fé. Ele sustenta nossa vontade na atitude de devoção. Ele aviva e regula nossos afetos, desejos, apetites e paixões, tornando-se a nossa santificação. Muito do que ouvimos em reuniões de oração e de conferência, do púlpito e da literatura, dá orientação tão errônea, que ouvir ou ler tais orientações se torna doloroso ao ponto de set quase insuportável. Isso só pode gerar ilusão, desânimo e a rejeição prática de Cristo conforme é apresentado no evangelho.

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