Capítulo
7
Como Ganhar Almas
"Tem
cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres; porque,
fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes".
No
presente artigo desejo, com a devida vênia, deixar com meus irmãos
mais jovens no ministério alguns pensamentos sobre a filosofia de se
pregar o evangelho de modo a conseguir a salvação de almas. Esses pensamentos são o resultado
de muito estudo, muita oração pela orientação divina e da
experiência prática de muitos anos.
A
admoestação contida no texto bíblico que encima o presente artigo,
interpretoa como fazendo referência ao assunto, à ordem e à
maneira de se pregar.
O
problema é este: como havemos de ganhar integralmente as almas para
Cristo? Sem dúvida teremos de conseguir que se desprendam de si
mesmos.
- Os homens são livres agentes morais: racionais e responsáveis.
- Estão em rebelião contra Deus, totalmente indispostos, inteiramente tomados de preconceitos, e comprometidos contra Deus.
- Estão entregues à auto-satisfação como objetivo de sua vida.
- Esse estado é (o que se chama em linguagem teológica) a depravação moral, ou seja, a fonte do pecado dentro de si mesmos, da qual fluem, por uma lei natural, todas as suas práticas pecaminosas. Esse estado voluntário de entrega é o "coração ímpio". É esse que precisa de uma transformação moral radical.
- Deus é infinitamente benfazejo, e os pecadores incrédulos são egoístas e radicalmente opostos a Deus. Seu compromisso consigo mesmos, de satisfazerem os seus próprios aperites e pendores, chama-se em linguagem bíblica "a inclinação da carne" ou "pendor da carne", que "é inimizade contra Deus".
- Essa inimizade é voluntária, e só pode ser vencida pela Palavra de Deus, que é eficaz através do ensino do Espírito Santo.
- O evangelho serve a esse fim, e quando é sabiamente apresentado, podemos esperar confiadamente a cooperação eficaz do Santo Espírito. Isso está implícito na ordem de Jesus: "Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações; ...e eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século."
- Se não tivermos sabedoria, se formos incoerentes e anti-filosóficos e se não seguirmos uma ordem natural na apresentação do evangelho, não temos direito de esperar pela cooperação divina.
- No mister de ganhar almas, como em tudo mais, Deus opera através de leis naturais e de acordo com elas. Portanto, se quisermos ganhar almas, havemos de adaptar sabiamente os meios a esse fim. As verdades que apresentarmos, e a ordem da sua apresentação hão de ser adaptadas às leis naturais da mente, do pensamento e do funcionamento mental. Uma falsa filosofia mental poderá desviar-nos grandemente, levando-nos muitas vezes a trabalhar ignorantemente contra a operação do Espírito Santo.
- Os pecadores devem ser convencidos da sua inimizade. Não conhecem a Deus, e por conseguinte ignoram muitas vezes a oposição do seu próprio coração contra ele. "Pela lei vem o pleno conhecimento do pecado", porque é pela lei que o pecador adquire sua primeira idéia verdadeira de Deus. Pela lei, ele primeiro aprende que Deus é perfeitamente bom e oposto a todo o egoísmo. Essa lei, pois, deve ser exposta em toda sua majestade contra o egoísmo e a inimizade do pecador.
- Essa lei leva consigo a convicção irresistível da sua justiça, da qual nenhum agente moral pode duvidar.
- Todos os homens sabem que cometeram pecado, porém nem todos estão convictos, nem da culpabilidade, nem das más conseqüências que o pecado merece. Na sua maioria são descuidados, não sentem o fardo do pecado nem os horrores e terrores do remorso: não têm senso de condenação nem de estarem perdidos.
- Sem convicção, porém, não podem entender nem apreciar a salvação do evangelho. Ninguém pode inteligentemente e de coração, pedir ou aceitar perdão enquanto não percebe como é real e justa a sua condenação.
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