quarta-feira, 2 de maio de 2018

Livro: 1 Corintios n°10

pudesse sentir alegria ou tristeza, irritação ou tristeza significava que nesse momento alguém o havia afetado. Se assim fosse isto significava que o homem tinha influenciado em Deus e que portanto era mais poderoso que Ele. Assim pois, sustentavam que Deus deve ser incapaz de todo sentimento e que nada pode afetá-lo jamais. Um Deus que sofria era para os gregos uma contradição. Mas foram mais adiante. Plutarco declarou que era um insulto envolver a Deus nos assuntos humanos. Deus estava necessariamente desligado e remoto. A própria idéia da encarnação, de que Deus se transformasse em homem, repugnava à mentalidade grega. Agostinho, quem foi um grande erudito antes de converter-se ao cristianismo, podia dizer que nos filósofos gregos encontrava um paralelo de quase todos os ensinos do cristianismo; mas uma coisa — dizia — nunca tinha achado: "O Verbo se fez carne e habitou entre nós." Celso que atacou aos cristãos com muito vigor pelo fim do século II, escreveu: "Deus é bondade, beleza e felicidade, e nisso justamente reside sua formosura e magnitude. Se então ‘desce aos homens’ há uma mudança nEle, do bom ao mau, do belo ao feio, da felicidade à falta dela, do melhor ao pior. Quem escolheria tal mudança? Porque a mortalidade é só uma natureza para ser alterada e mudada; mas a imortalidade é permanecer para sempre. Deus nunca aceitaria tal mudança. Para os intelectuais gregos a encarnação era uma impossibilidade total. Para as pessoas que assim pensavam era incrível que alguém que tinha amado e sofrido pelos homens como o tinha feito Jesus pudesse ser o Filho de Deus. (b) Os gregos buscavam a sabedoria. Originalmente a palavra grega sofista significava sábio em um bom sentido; mas chegou a significar um homem com uma mente inteligente e uma língua ardilosa, um acrobata mental, um homem que com uma retórica brilhante e persuasiva podia fazer com que o pior parecesse o melhor. Um homem que podia passar o tempo discutindo trivialidades, que não tinha interesse real em encontrar soluções mas apenas se glorificava no estímulo de "uma ginástica 1 Coríntios (William Barclay) 28 mental". Referia-se ao homem que se glorificava em ter uma mente sagaz e veloz, uma língua de prata e um auditório que o admirasse. Crisóstomo descreve os sábios gregos assim: "Coaxam como rãs em um pântano, são os homens mais indesejáveis devido ao fato de que, apesar de serem ignorantes, crêem-se sábios, são como perus reais, que fazem notar sua reputação e o número de seus alunos como aqueles desdobram suas caudas." É impossível exagerar a habilidade quase fantástica que os retóricos de língua de prata tinham na Grécia. Plutarco diz: "Adoçavam suas vozes com ritmos musicais, modulações do tom e ressonâncias." Nunca pensavam no que diziam, mas em como o diziam. Seu pensamento podia ser venenoso sempre e quando estivesse envolto em palavras doces. Filostrato nos conta que Adriano o sofista tinha grande reputação em Roma, e quando apareceu seu mensageiro com a notícia de que ia dissertar, o senado se esvaziou e até o povo que assistia aos jogos o abandonou tudo para congregar-se a seu ao redor. Crisóstomo descreve o quadro dos assim chamados homens sábios e suas competições em Corinto mesma, nos chamados Jogos ístmicos. "Podia-se ouvir a muitos pobres miseráveis sofistas gritando e insultando-se entre si, e a seus discípulos, como os chamam, brigando; a muitos escritores lendo suas estúpidas composições, a muitos poetas cantando seus poemas, a muitos histriões exibindo suas maravilhas, a muitos adivinhos dando o significado de prodígios, a dez mil retóricos tergiversando demandas judiciais, e a um não pequeno número de comerciantes realizando seus diferentes negócios " Os gregos estavam intoxicados de formosas palavras, e o pregador cristão com sua tosca mensagem lhes parecia um personagem cru e inculto do qual podiam mofar-se e ridicularizar em lugar de ouvi-lo e respeitá-lo. Parecia que a mensagem cristã tinha poucas oportunidades de obter êxito no contexto da vida grega e judia; mas, como disse Paulo: "O que 1 Coríntios (William Barclay) 29 pareceria ser uma insensatez por parte de Deus é mais sábio que a sabedoria humana, e o que pareceria ser uma fraqueza de Deus é mais forte que a força do homem," 

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