SAUDAÇÕES E PALAVRAS FINAIS
1 Coríntios 16:13-24 Esta é uma passagem muito interessante devido ao fato de que sua praticidade e significado corrente iluminam vividamente a vida cotidiana da Igreja primitiva. Nos versículos 13 e 14 Paulo começa com uma série de cinco imperativos. Pode ser que os primeiros quatro tenham um pano de fundo militar, e que se assemelhem às ordens de um comandante a seus soldados. "Estejam sempre alertas, como um sentinela. Estejam firmes na fé ao ser atacados e não cedam nem um centímetro. Sede heróis na batalha. Sede fortes para lutar por seu Rei, como soldados bem equipados e treinados." Logo a metáfora muda. Acima de todas as coisas o soldado cristão constituirá um camarada e um ser cheio de amor para com as pessoas da Igreja, não importa como aja com respeito àquelas pessoas e coisas de fora que ameaçam a fé cristã. Na vida cristã deve existir a coragem que nunca retrocede e o amor que nunca decai. Estéfanas, Fortunato e Acaico tinham ido ver Paulo em Éfeso, e eles lhe tinham dado toda a informação em primeira mão que encheu os 1 Coríntios (William Barclay) 165 vazios em seu conhecimento do que estava acontecendo em Corinto. Os elogios que Paulo faz de Estéfanas são muito interessantes. Devia ser respeitado porque se dedicou ao serviço da Igreja. Na Igreja primitiva o serviço espontâneo e voluntário era o começo da função oficial. Uma pessoa podia converter-se em líder da Igreja, nem tanto por ter sido nomeado por algum outro, mas sim porque sua vida e trabalho o assinalavam como alguém que todos deviam respeitar. Todos aqueles que compartilham a tarefa e o trabalho do evangelho impõem respeito não porque tenham sido escolhidos pelos homens para sua função, mas sim devido ao fato de que estão levando a cabo a tarefa de Cristo. T. C. Edwards tem um breve comentário a respeito daqueles que trabalham e trabalham em excesso. Diz que na Igreja: "muitos trabalham, mas poucos trabalham em excesso". Os versículos 19 e 20 são uma série de saudações. Áqüila e Priscila mandam saudações. Estas duas pessoas, marido e mulher, estão presentes no pano de fundo das cartas de Paulo e do Livro dos Atos. Eram judeus, e como Paulo, eram fabricantes de tendas. Originalmente se tinham estabelecido em Roma, mas em 49 (ou 50) d. C. o imperador Cláudio emitiu um decreto pelo qual deportava todos os judeus daquela cidade. Áqüila e Priscila foram a Corinto e ali foi onde Paulo os conheceu e ficou com eles pela primeira vez (Atos 18:2). De Corinto foram a Éfeso, de onde Paulo envia agora suas saudações a seus velhos conhecidos em Corinto. Em Romanos 16:6 encontramos que estão novamente em Roma e se estabeleceram ali. Uma das coisas interessantes a respeito deste casamento é que nos demonstram o fácil e natural que era viajar naqueles tempos. Foram levando seu ofício da Palestina a Roma, dali a Corinto e logo a Éfeso, para voltar mais tarde a Roma. Mas há algo grandioso a respeito deles. Naqueles dias a Igreja não tinha edifícios. Em realidade até o século III não se menciona a existência de templos. As pequenas congregações se reuniam em casas de família. Se a casa tinha uma habitação o suficientemente grande, ali se reunia a comunidade cristã. Notamos que 1 Coríntios (William Barclay) 166 em qualquer lugar que fossem Áqüila e Priscila, sua casa se convertia em Igreja. Quando estavam em Roma Paulo lhes envia saudações e à Igreja que se reunia em sua casa (Romanos 16:3-5). Quando escreve desde Éfeso envia saudações deles e da Igreja que está em sua casa. Áqüila e Priscila eram duas dessas pessoas maravilhosas que fazem de seus lares centros de luz e amor cristãos, que recebem muitos hóspedes devido ao fato de que Cristo é sempre seu convidado invisível mas permanente, que fazem de suas casas refúgios de paz e amizade para os solitários, para os que se vêem tentados, para os tristes e os deprimidos. Um dos grandes elogios que Homero fez de um de seus personagens foi: "Vivia numa casa à beira do caminho e era amigo dos viajantes." O viajante cristão sempre encontrava uma estalagem de paz no lugar onde viviam Áqüila e Priscila. Deus nos conceda que nossos lares sejam assim! Paulo escreve: “Saudai-vos uns aos outros com ósculo santo.” O beijo de paz era um costume na Igreja primitiva. Pode ser que tenha sido um costume judia que a Igreja adotou. Aparentemente se dava ao finalizar as orações e antes de que a congregação tomasse parte do sacramento. Era um sinal e um símbolo de que se sentavam à mesa do amor unidos por esse sentimento perfeito. Cirilo de Jerusalém escreve a respeito dele: "Não pensem que esse beijo é aquele que se dão dois amigos no mercado." Não se dava promiscuamente. Em realidade, em épocas posteriores não se beijavam homens e mulheres mas sim o faziam homens com homens e mulheres com mulheres. Algumas vezes não se dava nos lábios, mas sim sobre a mão. Chegou a ser chamado simplesmente "a Paz". Certamente que nenhuma Igreja teve que ser lembrada deste belo costume mais que a de Corinto, tão rasgada pela contenda e a desunião. Por que desapareceu este belo costume da vida da Igreja? Em primeiro lugar, porque, apesar de ser belo, obviamente podia abusar-se dele, e o que é pior, podia ser mal interpretado pelos caluniadores 1 Coríntios (William Barclay) 167 pagãos. Mas em segundo lugar, perdeu-se devido ao fato de que a Igreja foi deixando cada vez mais de ser uma comunidade. Nas pequenas casasigrejas, nas quais os amigos se encontravam e estavam muito unidos entre si, era o mais natural do mundo; mas quando a comunidade se converteu numa vasta congregação e a pequena habitação numa grande Igreja, perdeu-se a intimidade e o beijo de paz se perdeu com ela. Pode ser que com nossas grandes congregações tenhamos perdido algo, porque quanto mais grande e dispersa é, mais difícil resulta ser uma comunidade, em que as pessoas realmente se conheçam e se amem entre si. E, entretanto, uma Igreja que é um conjunto de estranhos, ou no melhor dos casos de conhecidos, não é uma verdadeira Igreja no sentido mais profundo do termo. Assim, pois, chegamos ao fim. Paulo envia sua própria saudação autografada na última página da carta que algum amanuense tinha escrito por ele. Pede-lhes que se cuidem de qualquer um que não ame a Cristo. E logo escreve em aramaico a frase: "Maran atha", que provavelmente significa: "O Senhor está perto." É estranho encontrar-se com uma frase em aramaico numa carta escrita em grego para uma igreja grega. A explicação é que essa frase se converteu num lema e numa contra-senha. Resumia a esperança vital da Igreja primitiva, e os cristãos a sussurravam uns aos outros, identificavam-se entre si por meio dela, num idioma que os pagãos não podiam compreender. As últimas duas coisas que Paulo envia aos irmãos em Corinto são: a graça de Cristo e seu próprio amor. Poderia ter tido a ocasião de advertir, reprovar, falar até com irritação justa, mas depois de dito e feito tudo, a última palavra é amor.
1 Coríntios 16:13-24 Esta é uma passagem muito interessante devido ao fato de que sua praticidade e significado corrente iluminam vividamente a vida cotidiana da Igreja primitiva. Nos versículos 13 e 14 Paulo começa com uma série de cinco imperativos. Pode ser que os primeiros quatro tenham um pano de fundo militar, e que se assemelhem às ordens de um comandante a seus soldados. "Estejam sempre alertas, como um sentinela. Estejam firmes na fé ao ser atacados e não cedam nem um centímetro. Sede heróis na batalha. Sede fortes para lutar por seu Rei, como soldados bem equipados e treinados." Logo a metáfora muda. Acima de todas as coisas o soldado cristão constituirá um camarada e um ser cheio de amor para com as pessoas da Igreja, não importa como aja com respeito àquelas pessoas e coisas de fora que ameaçam a fé cristã. Na vida cristã deve existir a coragem que nunca retrocede e o amor que nunca decai. Estéfanas, Fortunato e Acaico tinham ido ver Paulo em Éfeso, e eles lhe tinham dado toda a informação em primeira mão que encheu os 1 Coríntios (William Barclay) 165 vazios em seu conhecimento do que estava acontecendo em Corinto. Os elogios que Paulo faz de Estéfanas são muito interessantes. Devia ser respeitado porque se dedicou ao serviço da Igreja. Na Igreja primitiva o serviço espontâneo e voluntário era o começo da função oficial. Uma pessoa podia converter-se em líder da Igreja, nem tanto por ter sido nomeado por algum outro, mas sim porque sua vida e trabalho o assinalavam como alguém que todos deviam respeitar. Todos aqueles que compartilham a tarefa e o trabalho do evangelho impõem respeito não porque tenham sido escolhidos pelos homens para sua função, mas sim devido ao fato de que estão levando a cabo a tarefa de Cristo. T. C. Edwards tem um breve comentário a respeito daqueles que trabalham e trabalham em excesso. Diz que na Igreja: "muitos trabalham, mas poucos trabalham em excesso". Os versículos 19 e 20 são uma série de saudações. Áqüila e Priscila mandam saudações. Estas duas pessoas, marido e mulher, estão presentes no pano de fundo das cartas de Paulo e do Livro dos Atos. Eram judeus, e como Paulo, eram fabricantes de tendas. Originalmente se tinham estabelecido em Roma, mas em 49 (ou 50) d. C. o imperador Cláudio emitiu um decreto pelo qual deportava todos os judeus daquela cidade. Áqüila e Priscila foram a Corinto e ali foi onde Paulo os conheceu e ficou com eles pela primeira vez (Atos 18:2). De Corinto foram a Éfeso, de onde Paulo envia agora suas saudações a seus velhos conhecidos em Corinto. Em Romanos 16:6 encontramos que estão novamente em Roma e se estabeleceram ali. Uma das coisas interessantes a respeito deste casamento é que nos demonstram o fácil e natural que era viajar naqueles tempos. Foram levando seu ofício da Palestina a Roma, dali a Corinto e logo a Éfeso, para voltar mais tarde a Roma. Mas há algo grandioso a respeito deles. Naqueles dias a Igreja não tinha edifícios. Em realidade até o século III não se menciona a existência de templos. As pequenas congregações se reuniam em casas de família. Se a casa tinha uma habitação o suficientemente grande, ali se reunia a comunidade cristã. Notamos que 1 Coríntios (William Barclay) 166 em qualquer lugar que fossem Áqüila e Priscila, sua casa se convertia em Igreja. Quando estavam em Roma Paulo lhes envia saudações e à Igreja que se reunia em sua casa (Romanos 16:3-5). Quando escreve desde Éfeso envia saudações deles e da Igreja que está em sua casa. Áqüila e Priscila eram duas dessas pessoas maravilhosas que fazem de seus lares centros de luz e amor cristãos, que recebem muitos hóspedes devido ao fato de que Cristo é sempre seu convidado invisível mas permanente, que fazem de suas casas refúgios de paz e amizade para os solitários, para os que se vêem tentados, para os tristes e os deprimidos. Um dos grandes elogios que Homero fez de um de seus personagens foi: "Vivia numa casa à beira do caminho e era amigo dos viajantes." O viajante cristão sempre encontrava uma estalagem de paz no lugar onde viviam Áqüila e Priscila. Deus nos conceda que nossos lares sejam assim! Paulo escreve: “Saudai-vos uns aos outros com ósculo santo.” O beijo de paz era um costume na Igreja primitiva. Pode ser que tenha sido um costume judia que a Igreja adotou. Aparentemente se dava ao finalizar as orações e antes de que a congregação tomasse parte do sacramento. Era um sinal e um símbolo de que se sentavam à mesa do amor unidos por esse sentimento perfeito. Cirilo de Jerusalém escreve a respeito dele: "Não pensem que esse beijo é aquele que se dão dois amigos no mercado." Não se dava promiscuamente. Em realidade, em épocas posteriores não se beijavam homens e mulheres mas sim o faziam homens com homens e mulheres com mulheres. Algumas vezes não se dava nos lábios, mas sim sobre a mão. Chegou a ser chamado simplesmente "a Paz". Certamente que nenhuma Igreja teve que ser lembrada deste belo costume mais que a de Corinto, tão rasgada pela contenda e a desunião. Por que desapareceu este belo costume da vida da Igreja? Em primeiro lugar, porque, apesar de ser belo, obviamente podia abusar-se dele, e o que é pior, podia ser mal interpretado pelos caluniadores 1 Coríntios (William Barclay) 167 pagãos. Mas em segundo lugar, perdeu-se devido ao fato de que a Igreja foi deixando cada vez mais de ser uma comunidade. Nas pequenas casasigrejas, nas quais os amigos se encontravam e estavam muito unidos entre si, era o mais natural do mundo; mas quando a comunidade se converteu numa vasta congregação e a pequena habitação numa grande Igreja, perdeu-se a intimidade e o beijo de paz se perdeu com ela. Pode ser que com nossas grandes congregações tenhamos perdido algo, porque quanto mais grande e dispersa é, mais difícil resulta ser uma comunidade, em que as pessoas realmente se conheçam e se amem entre si. E, entretanto, uma Igreja que é um conjunto de estranhos, ou no melhor dos casos de conhecidos, não é uma verdadeira Igreja no sentido mais profundo do termo. Assim, pois, chegamos ao fim. Paulo envia sua própria saudação autografada na última página da carta que algum amanuense tinha escrito por ele. Pede-lhes que se cuidem de qualquer um que não ame a Cristo. E logo escreve em aramaico a frase: "Maran atha", que provavelmente significa: "O Senhor está perto." É estranho encontrar-se com uma frase em aramaico numa carta escrita em grego para uma igreja grega. A explicação é que essa frase se converteu num lema e numa contra-senha. Resumia a esperança vital da Igreja primitiva, e os cristãos a sussurravam uns aos outros, identificavam-se entre si por meio dela, num idioma que os pagãos não podiam compreender. As últimas duas coisas que Paulo envia aos irmãos em Corinto são: a graça de Cristo e seu próprio amor. Poderia ter tido a ocasião de advertir, reprovar, falar até com irritação justa, mas depois de dito e feito tudo, a última palavra é amor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário