quarta-feira, 2 de maio de 2018

Livro: 1 Corintios n°26 SERVINDO A DEUS ONDE ELE NOS PÔS

SERVINDO A DEUS ONDE ELE NOS PÔS 

1 Coríntios 7:17-24 Paulo estabelece nesta passagem uma das primeiras regras do cristianismo. "Seja cristão onde você está." Deve ter ocorrido muitas vezes que quando um homem se convertia ao cristianismo desejava deixar seu trabalho, romper com o círculo dentro do qual se movia, e começar uma nova vida. Mas Paulo insistia em que a função do cristianismo não era outorgar ao homem uma nova vida, mas sim renovar sua velha vida. Que o judeu continue sendo judeu, o gentio, 1 Coríntios (William Barclay) 70 gentio; a raça e as distinções raciais não importavam. O que importava era a classe de vida que levava. Muito tempo atrás os cínicos tinham insistido em que um verdadeiro homem nunca podia ser escravo por natureza embora o fosse em sua posição; e que um homem falso nunca pode ser realmente livre, mas sim sempre é um escravo. Paulo lhes recorda que escravo ou livre, o homem é um escravo de Cristo devido ao fato de que Ele o comprou por um preço. Paulo tem em mente uma imagem. No mundo antigo era possível que um escravo com grandes esforços comprasse sua liberdade. Ele o fazia da seguinte maneira. No pouco tempo livre que tinha realizava diversas tarefas e ganhava umas quantas moedas. Seu amo tinha direito a reclamar uma comissão até sobre esses pobres lucros. Mas o escravo depositava todas as suas moedas no templo de algum Deus. Assim, possivelmente ao cabo de muitos anos, podia comprar com o dinheiro que tinha depositado no templo. Quando isso acontecia se dirigia ao templo com seu amo; e o sacerdote lhe entregava o dinheiro, e depois simbolicamente o escravo se convertia em propriedade do deus e portanto livre de todos os homens. É nisto que pensa Paulo. O cristão foi comprado por Cristo, portanto é propriedade pessoal do Senhor; não importa qual seja sua posição, é livre perante todos os homens porque é propriedade de Jesus Cristo. Isso é o que quer dizer Paulo nesta passagem. Insiste em que o cristianismo não faz com que o homem se rebele e se mostre queixosamente descontente com as coisas como são; faz com que em qualquer lugar que estiver, comporte-se como um escravo de Cristo. Até a tarefa mais pequena não se faz para os homens mas sim para Cristo. CONSELHO PRÁTICO SOBRE UM PROBLEMA DIFÍCIL 1 Coríntios 7:25,36-38 Os versículos do 25 aos 38 embora formem um só parágrafo, em realidade se dividem em duas partes, que é melhor examinar 1 Coríntios (William Barclay) 71 separadamente. Os versículos 25 e 36-38 se referem ao problema da virgindade, enquanto que os versículos que estão entremeio nos dão a razão pela qual se devem aceitar os conselhos de todo o capítulo. Esta seção com respeito à virgindade foi sempre problemática. Foi-lhe dado três explicações diferentes. (1) Foi considerado simplesmente como um conselho aos pais com respeito ao casamento de suas filhas solteiras, mas não é assim; e é difícil entender por que Paulo teria empregado a palavra virgem, se queria dizer filha, e que um pai falasse de sua virgem em lugar de sua filha. Seria uma estranha maneira de falar. (2) Considerou-se que trata um problema que mais adiante se agravou e que mais de um Concílio da Igreja encarou e tentou proibir. Certamente mais tarde surgiu o costume de que um homem e uma mulher vivessem juntos compartilhando a mesma casa e até o mesmo leito, sem manter relações físicas entre si. A idéia era que se podiam disciplinar-se para compartilhar a vida espiritual em tal intimidade sem permitir que o corpo entrasse absolutamente em sua relação, era algo especialmente meritório. Podemos entender a idéia que está atrás disto, o intento de limpar as relações humanas de toda paixão e de todas as coisas terrestres, mas está bem claro quão perigosa era esta prática, e como, em mais de uma ocasião deve ter engendrado uma situação impossível. Em tal relação, em épocas posteriores, a mulher era conhecida como a virgem do homem. Bem pode ser que este costume tivesse surgido na Igreja de Corinto. Se for assim, e em realidade pensamos que foi, o que Paulo está dizendo é o seguinte: "Se vocês podem manter essa difícil situação, se sua disciplina pessoal e domínio próprio são suficientes para mantê-la, então certamente vocês devem fazê-lo, e é melhor fazê-lo; mas, se vocês tentaram fazê-lo, e acharam que é uma carga muito pesada para a natureza humana, abandonem e se casem, e o fazê-lo não será um descrédito para vocês." (3) Embora pensamos que esta é a interpretação correta desta passagem, há uma modificação que deve ser levada em conta. Sugere-se 1 Coríntios (William Barclay) 72 que havia em Corinto homens e mulheres que se casaram de acordo com a cerimônia, mas que tinham decidido não consumar seu matrimônio, mas sim viver em absoluta continência para dedicar-se totalmente à vida espiritual. Fazendo tal coisa, bem pode ser que descobrissem que o que tinham planejado era uma carga muito pesada para eles. Neste caso, Paulo lhes diria: "Se podem manter seu voto, farão muito bem, mas se não poderem, admitam francamente e mantenham relações normais entre vocês." Para nós toda a relação parece perigosa, anormal e até equivocada, e em realidade o era; e em seu momento a Igreja se viu obrigada a considerá-la como tal. Mas dada a situação, o conselho de Paulo é sábio. Em realidade diz três coisas. (1) A disciplina pessoal e a continência são excelentes. Qualquer meio pelo qual o homem se domine a si mesmo até dominar perfeitamente cada paixão é algo excelente; mas sempre devemos lembrar que não é parte da tarefa cristã eliminar os instintos e as paixões naturais do homem; pelo contrário, o cristão as utiliza para a glória de Deus. (2) Paulo em realidade diz: "Não façam de sua religião algo antinatural." Em última instância esta é a falta que cometem os monges, os ermitões e as monjas. Escolhem deliberadamente um modo de vida que é anormal; consideram necessário eliminar os sentimentos naturais do ser humano para ser verdadeiramente religiosos; consideram necessário separar-se da vida normal para servir a Deus. Devemos sempre lembrar que o cristianismo não surgiu para abolir a vida comum e normal, mas sim para elevá-la. (3) No final Paulo diz "Não façam de sua religião uma agonia. Collie Knox nos relata que quando jovem, achava que a religião era uma carga e lhe ocasionava tensões; e nos conta como uma vez um capelão muito querido se aproximou dele, e pondo sua mão sobre seu ombro lhe disse "Jovem Knox, não faça uma agonia de sua religião." Diz-se que Burns se "sentia acossado em vez de ajudado por sua religião". Ninguém tem que envergonhar-se do corpo que Deus lhe deu, 1 Coríntios (William Barclay) 73 nem do coração, nem dos instintos, nem das paixões, que devido à criação de Deus habitam nele. O cristianismo lhe ensinará, não como eliminá-los, mas sim como utilizá-los de tal maneira que a paixão seja pura e o amor humano o mais nobre em todo mundo de Deus. 

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