O PERIGO DE SER MUITO CONFIADO
1 Coríntios 10:1-13 Neste capítulo Paulo ainda está considerando o problema do consumo de carne que foi oferecida aos ídolos. O pano de fundo desta passagem é a presunção de certos cristãos de Corinto. Seu ponto de vista era o seguinte: "Fomos batizados e portanto somos um com Jesus Cristo, participamos do sacramento e portanto participamos do corpo e do sangue de Cristo, estamos em Cristo e Ele está em nós, portanto estamos completamente a salvo, podemos comer carne oferecida aos ídolos sem problemas; não há perigo para nós." Assim, pois, nesta passagem Paulo adverte aos que falam com essa confiança, do perigo de confiar muito em si mesmos. E recorre à história para demonstrar o que pode acontecer com os que foram abençoados com os maiores privilégios. Retrocede aos dias em que os filhos de Israel eram nômades e peregrinos no deserto. As coisas mais maravilhosas ocorreram com eles naqueles dias. Tinham sobre si a nuvem para mostrar o caminho e proteger nos momentos de perigo (Êxodo 13:21; 14:19). Poderiam atravessar em seco o Mar Vermelho (Êxodo 14:19-31). Estas duas experiências os uniram de maneira perfeita com Moisés, o maior dos caudilhos e legisladores, até poder dizer que foram batizados nele assim como os cristãos são batizados em Cristo. Tinham comido o maná no deserto (Êxodo 16:11-15). No versículo 4, Paulo se refere a que beberam da rocha espiritual que os seguia. Não toma isto do Antigo Testamento, mas sim da tradição rabínica. Em Números 20:1-11 nos relata como Deus permitiu que Moisés obtivera água de uma rocha para o povo sedento, a tradição 1 Coríntios (William Barclay) 91 rabínica dizia que dali em diante a rocha seguiu ao povo e sempre lhes deu água para beber. Era uma lenda que todos os judeus conheciam. Os filhos de Israel gozavam de todos esses privilégios e entretanto falharam e da maneira mais completa. Quando o povo covarde estava muito aterrorizado e não queria seguir avançando rumo à Terra Prometida e quando todos os exploradores que foram enviados, com exceção do Josué e Calebe, voltaram trazendo um relatório pessimista e desesperançado. O juízo de Deus foi que toda essa geração morreria no deserto, onde seus cadáveres ficariam espalhados (Núm. 14:30-32). Quando Moisés estava no Monte Sinai recebendo a lei, o povo seduziu a Arão para que fizesse o bezerro de ouro e lhes permitisse adorá-lo (Êxodo 32:6). Foram culpados de fornicação, até no deserto, com os midianitas e moabitas e milhares morreram no juízo de Deus (Números 25:1-9). Devemos notar de passagem que Números 25:9 diz que morreram vinte e quatro mil, Paulo menciona vinte e três mil. A explicação que encontramos é que Paulo estava citando de cor. Raramente cita as Escrituras com exatidão verbal; ninguém o fazia naqueles dias. Não existiam concordâncias que permitissem encontrar uma passagem facilmente, as escrituras não eram livros, visto que ainda estes não tinham sido inventados e se utilizavam rolos, era natural que um escritor citasse de cor e desse a essência de uma passagem, sem preocupar-se por detalhes que não eram essenciais. Por se terem queixado no caminho foram atacados por serpentes (Números 21 4-6). Quando Coré, Datam e Abirão dirigiram uma revolta de protesto, o juízo caiu sobre muitos e morreram (Números 16). Toda a história de Israel nos mostra que o povo que desfrutava dos maiores privilégios que Deus outorgava, estava longe de ver-se a salvo da tentação. Paulo recorda aos coríntios que os privilégios especiais de maneira nenhuma garantem segurança quando ataca a tentação. Devemos notar as tentações e fracassos que Paulo assinala. 1 Coríntios (William Barclay) 92 (1) Assinala a tentação da idolatria. Atualmente não adoramos ídolos tão rusticamente; mas se o deus de um homem é aquilo ao qual outorga todo seu tempo, pensamento e energia, os homens ainda adoram mais as obras de suas mãos que a Deus. (2) Assinala a tentação da fornicação. Enquanto o homem seja homem se verá tentado pelo mais baixo de seu ser. Só um apaixonado amor à pureza pode salvar ao homem da impureza. (3) Assinala a tentação de querer provar a Deus. Consciente e inconscientemente, deliberadamente ou sem pensá-lo, muitos homens comercializam com a misericórdia de Deus. No fundo de suas mentes pensam: "Tudo sairá bem, Deus me perdoará." O homem esquece com perigo para si mesmo que além do amor de Deus está sua santidade. (4) Assinala a tentação de protestar e murmurar. Ainda existem muitos que saúdam a vida com um lamento e não com regozijo. Paulo insiste, pois, na necessidade da vigilância. “Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia.” Mais de uma fortaleza foi tomada porque seus defensores pensavam que isso nunca poderia acontecer. Em Apocalipse 3:3 o Cristo ressuscitado adverte à Igreja do Sardes que não deve deixar de vigiar. O Acrópoles de Sardes estava edificado em um contraforte sobressalente de uma rocha que todos consideravam inexpugnável. Quando Ciro a estava sitiando ofereceu um grêmio especial ao que encontrasse uma forma de entrar nela. Um soldado, com o nome de Hieroeades, estava vigiando-a um dia e viu que um soldado da guarnição da cidade deixava cair acidentalmente seu casco sobre a muralha da torre. Viu-o baixar para recolhê-lo e marcou seu caminho. Essa mesma noite guiou a uma partida pelos escarpados por esse mesmo caminho e quando alcançaram o topo a encontraram bastante desguarnecida, de modo que entraram e capturaram a cidadela, que se supunha muito segura. A vida está cheia de riscos, devemos vigiar sempre. Assim, pois, Paulo termina esta seção dizendo três coisas a respeito da tentação.
(1) Está muito seguro de que a tentação deve chegar. É parte da essência da vida. Mas a palavra que nós traduzimos por tentação em grego significa muito mais uma prova. A tentação é algo que foi calculado, não para nos fazer cair, mas para nos provar, de modo que possamos sair dela mais fortes que nunca. (2) As tentações que nos sobrevêm não são únicas. Outros as suportaram e saíram delas. Um amigo conta como uma vez estava dirigindo uma carruagem puxada por cavalos levando Lightfoot, o bispo do Durham, ao longo de um estreito caminho de montanha na Noruega. Chegou a ser tão estreito que só centímetros os separavam do sopé da montanha por um lado e do precipício pelo outro. Enfim sugeriu que séria muito mais seguro se Lightfoot se baixava e caminhava. O bispo considerou a situação e disse: "Outras carruagens deveram seguir este caminho. Continua." Na Antologia grega há um epigrama que apresenta o epitáfio de um marinheiro que sofreu um naufrágio. Supõe-se que fala o mesmo marinheiro: ''Um marinheiro que naufragou nesta costa lhes pede que zarpem". Seu barco se perdeu, mas muitos mais resistiram o temporal. Quando atravessamos provas estamos passando por circunstâncias que outros, pela graça de Deus, sofreram, resistiram e venceram. (3) Sempre há uma saída na tentação. A palavra é vívida (ekbasis). Significa um caminho de saída no desfiladeiro, uma passagem de montanha. Dá-nos a idéia de um exército que de repente se vê aparentemente rodeado e percebe uma rota de escape à segurança. Ninguém tem por que cair em nenhuma tentação, porque junto com ela está a saída, e não se trata do caminho da rendição, nem da retirada, mas sim do caminho da conquista no poder e na graça de Deus.
1 Coríntios 10:1-13 Neste capítulo Paulo ainda está considerando o problema do consumo de carne que foi oferecida aos ídolos. O pano de fundo desta passagem é a presunção de certos cristãos de Corinto. Seu ponto de vista era o seguinte: "Fomos batizados e portanto somos um com Jesus Cristo, participamos do sacramento e portanto participamos do corpo e do sangue de Cristo, estamos em Cristo e Ele está em nós, portanto estamos completamente a salvo, podemos comer carne oferecida aos ídolos sem problemas; não há perigo para nós." Assim, pois, nesta passagem Paulo adverte aos que falam com essa confiança, do perigo de confiar muito em si mesmos. E recorre à história para demonstrar o que pode acontecer com os que foram abençoados com os maiores privilégios. Retrocede aos dias em que os filhos de Israel eram nômades e peregrinos no deserto. As coisas mais maravilhosas ocorreram com eles naqueles dias. Tinham sobre si a nuvem para mostrar o caminho e proteger nos momentos de perigo (Êxodo 13:21; 14:19). Poderiam atravessar em seco o Mar Vermelho (Êxodo 14:19-31). Estas duas experiências os uniram de maneira perfeita com Moisés, o maior dos caudilhos e legisladores, até poder dizer que foram batizados nele assim como os cristãos são batizados em Cristo. Tinham comido o maná no deserto (Êxodo 16:11-15). No versículo 4, Paulo se refere a que beberam da rocha espiritual que os seguia. Não toma isto do Antigo Testamento, mas sim da tradição rabínica. Em Números 20:1-11 nos relata como Deus permitiu que Moisés obtivera água de uma rocha para o povo sedento, a tradição 1 Coríntios (William Barclay) 91 rabínica dizia que dali em diante a rocha seguiu ao povo e sempre lhes deu água para beber. Era uma lenda que todos os judeus conheciam. Os filhos de Israel gozavam de todos esses privilégios e entretanto falharam e da maneira mais completa. Quando o povo covarde estava muito aterrorizado e não queria seguir avançando rumo à Terra Prometida e quando todos os exploradores que foram enviados, com exceção do Josué e Calebe, voltaram trazendo um relatório pessimista e desesperançado. O juízo de Deus foi que toda essa geração morreria no deserto, onde seus cadáveres ficariam espalhados (Núm. 14:30-32). Quando Moisés estava no Monte Sinai recebendo a lei, o povo seduziu a Arão para que fizesse o bezerro de ouro e lhes permitisse adorá-lo (Êxodo 32:6). Foram culpados de fornicação, até no deserto, com os midianitas e moabitas e milhares morreram no juízo de Deus (Números 25:1-9). Devemos notar de passagem que Números 25:9 diz que morreram vinte e quatro mil, Paulo menciona vinte e três mil. A explicação que encontramos é que Paulo estava citando de cor. Raramente cita as Escrituras com exatidão verbal; ninguém o fazia naqueles dias. Não existiam concordâncias que permitissem encontrar uma passagem facilmente, as escrituras não eram livros, visto que ainda estes não tinham sido inventados e se utilizavam rolos, era natural que um escritor citasse de cor e desse a essência de uma passagem, sem preocupar-se por detalhes que não eram essenciais. Por se terem queixado no caminho foram atacados por serpentes (Números 21 4-6). Quando Coré, Datam e Abirão dirigiram uma revolta de protesto, o juízo caiu sobre muitos e morreram (Números 16). Toda a história de Israel nos mostra que o povo que desfrutava dos maiores privilégios que Deus outorgava, estava longe de ver-se a salvo da tentação. Paulo recorda aos coríntios que os privilégios especiais de maneira nenhuma garantem segurança quando ataca a tentação. Devemos notar as tentações e fracassos que Paulo assinala. 1 Coríntios (William Barclay) 92 (1) Assinala a tentação da idolatria. Atualmente não adoramos ídolos tão rusticamente; mas se o deus de um homem é aquilo ao qual outorga todo seu tempo, pensamento e energia, os homens ainda adoram mais as obras de suas mãos que a Deus. (2) Assinala a tentação da fornicação. Enquanto o homem seja homem se verá tentado pelo mais baixo de seu ser. Só um apaixonado amor à pureza pode salvar ao homem da impureza. (3) Assinala a tentação de querer provar a Deus. Consciente e inconscientemente, deliberadamente ou sem pensá-lo, muitos homens comercializam com a misericórdia de Deus. No fundo de suas mentes pensam: "Tudo sairá bem, Deus me perdoará." O homem esquece com perigo para si mesmo que além do amor de Deus está sua santidade. (4) Assinala a tentação de protestar e murmurar. Ainda existem muitos que saúdam a vida com um lamento e não com regozijo. Paulo insiste, pois, na necessidade da vigilância. “Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia.” Mais de uma fortaleza foi tomada porque seus defensores pensavam que isso nunca poderia acontecer. Em Apocalipse 3:3 o Cristo ressuscitado adverte à Igreja do Sardes que não deve deixar de vigiar. O Acrópoles de Sardes estava edificado em um contraforte sobressalente de uma rocha que todos consideravam inexpugnável. Quando Ciro a estava sitiando ofereceu um grêmio especial ao que encontrasse uma forma de entrar nela. Um soldado, com o nome de Hieroeades, estava vigiando-a um dia e viu que um soldado da guarnição da cidade deixava cair acidentalmente seu casco sobre a muralha da torre. Viu-o baixar para recolhê-lo e marcou seu caminho. Essa mesma noite guiou a uma partida pelos escarpados por esse mesmo caminho e quando alcançaram o topo a encontraram bastante desguarnecida, de modo que entraram e capturaram a cidadela, que se supunha muito segura. A vida está cheia de riscos, devemos vigiar sempre. Assim, pois, Paulo termina esta seção dizendo três coisas a respeito da tentação.
(1) Está muito seguro de que a tentação deve chegar. É parte da essência da vida. Mas a palavra que nós traduzimos por tentação em grego significa muito mais uma prova. A tentação é algo que foi calculado, não para nos fazer cair, mas para nos provar, de modo que possamos sair dela mais fortes que nunca. (2) As tentações que nos sobrevêm não são únicas. Outros as suportaram e saíram delas. Um amigo conta como uma vez estava dirigindo uma carruagem puxada por cavalos levando Lightfoot, o bispo do Durham, ao longo de um estreito caminho de montanha na Noruega. Chegou a ser tão estreito que só centímetros os separavam do sopé da montanha por um lado e do precipício pelo outro. Enfim sugeriu que séria muito mais seguro se Lightfoot se baixava e caminhava. O bispo considerou a situação e disse: "Outras carruagens deveram seguir este caminho. Continua." Na Antologia grega há um epigrama que apresenta o epitáfio de um marinheiro que sofreu um naufrágio. Supõe-se que fala o mesmo marinheiro: ''Um marinheiro que naufragou nesta costa lhes pede que zarpem". Seu barco se perdeu, mas muitos mais resistiram o temporal. Quando atravessamos provas estamos passando por circunstâncias que outros, pela graça de Deus, sofreram, resistiram e venceram. (3) Sempre há uma saída na tentação. A palavra é vívida (ekbasis). Significa um caminho de saída no desfiladeiro, uma passagem de montanha. Dá-nos a idéia de um exército que de repente se vê aparentemente rodeado e percebe uma rota de escape à segurança. Ninguém tem por que cair em nenhuma tentação, porque junto com ela está a saída, e não se trata do caminho da rendição, nem da retirada, mas sim do caminho da conquista no poder e na graça de Deus.
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