todos os troféus ganhos; demonstrava seu triunfo e seu conquista, a
procissão se chamava Triunfo. Mas no final chegava um pequeno grupo
de cativos que estavam condenados à morte, eram homens que foram
capturados e levados à arena do circo para morrer lutando com as feras.
¡Té monturi salutamus! Nós, os que estamos para morrer, te saudamos!
Os coríntios com seu orgulho vociferador eram como o general
conquistador desdobrando os troféus de sua façanha; os apóstolos eram
como o pequeno grupo de cativos, homens condenados à morte. Para os
coríntios significava ostentar seu orgulho e seus privilégios, tendo em
conta seus lucros; para Paulo significava um humilde serviço, disposto a
morrer por Cristo.
Na lista de coisas em que Paulo fala a respeito do que um apóstolo
deve agüentar, há duas palavras especialmente interessantes.
(1) Diz que são esbofeteados (kolaphizesthai). É a palavra que se
usava para açoitar a um escravo. Plutarco conta como um homem
testemunhava que um escravo pertencia a outrem porque viu este lhe
batendo, e essa é a palavra utilizada. Paulo estava disposto a ser tratado
como um escravo por Cristo.
(2) Paulo diz: “Injuriados, bendizemos”. Provavelmente não nos
demos conta de quão surpreendente devia ser esta declaração para um
pagão. Aristóteles declara que a virtude maior é a megalopsuchia, ser de
grande coração, a virtude do homem com uma alma grande; e define
esta virtude como a qualidade de não suportar ser insultado. Para o
mundo antigo a humildade cristã era uma virtude totalmente nova. Esta
era, em realidade, a classe de conduta que para os homens era totalmente
insensata, embora precisamente essa insensatez era a sabedoria de Deus.
UM PAI NA FÉ
1 Coríntios 4:14-21
Com esta passagem Paulo, finaliza a seção da carta em que trata
diretamente das discórdias e divisões em Corinto. Escreve como um pai.
1 Coríntios (William Barclay) 48
A mesma palavra que usa no versículo 14 para admoestar (nouthethein) é
o termo normal para expressar a admoestação e o conselho que um pai
dá a seus filhos (Efésios 6:4). Poderá estar falando com um acento de
severidade, mas não se trata da severidade que busca submeter um
escravo rebelde, mas sim da que tenta trazer de volta ao caminho um
filho insensato que se desencaminhou. Paulo sentia que sua posição era
única com respeito à igreja de Corinto. O tutor (paidagogos: veja-se
Gálatas 3.24) não era o professor que ensinava o menino. Tratava-se de
um velho escravo de confiança que levava o menino diariamente à
escola, que lhe informava a respeito de assuntos morais e que cuidava
seu caráter e buscava fazê-lo homem. Um menino poderá ter muitos
tutores, mas tem só um pai; nos dias vindouros os coríntios poderiam ter
muitos tutores e professores, mas nenhum poderia fazer o que Paulo
tinha feito; nenhum poderia levá-los a viver em Cristo. E logo Paulo diz
algo surpreendente. Em realidade diz: "Convoco a meus filhos a que
sigam a seu pai." Muito poucas vezes um pai pode falar assim. A maior
parte das vezes é muito certo que os pais oram e têm a esperança de que
seus filhos cheguem a ser o que eles não puderam ser. A maioria dos que
ensinamos não podemos dizer: "Façam o que eu faço", mas sim "Façam
o que eu digo." Mas Paulo, sem orgulho, e com uma consciência
altruísta, podia chamar seus filhos na fé a que o imitassem.
E logo os afaga delicadamente. Diz que enviará a Timóteo para lhes
recordar seus caminhos. Com efeito, diz que todos seus enganos e
equívocos se devem, não a uma deliberada rebelião, mas ao feito de que
esqueceram. Isto é muito certo da natureza humana. Muito
freqüentemente não é que nos rebelemos contra Cristo, mas sim nos
esquecemos dele. Não é que lhe demos as costas deliberadamente, mas
sim esquecemos totalmente que Ele está no esquema das coisas A
maioria de nós necessita sobretudo uma coisa — um esforço deliberado
para viver nos dando conta conscientemente da presença de Jesus Cristo.
Não só no momento do sacramento, mas também cada momento e todos
os dias, Cristo nos diz "Lembrai de mim."
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