O CORPO DE CRISTO
1 Coríntios 12:12-31 Nesta passagem temos uma das mais famosas descrições da Igreja que jamais se escreveram. Os homens se viram sempre fascinados pela forma em que as distintas partes do corpo cooperam. Faz muito tempo Platão tinha esboçado um quadro famoso em que dizia que a cabeça era a cidadela; o pescoço, o istmo entre a cabeça e o corpo; o coração, a fonte do corpo; os poros, os atalhos do corpo; as veias, os canais do corpo. De modo que Paulo traçou seu quadro da Igreja como um corpo. Este consta de muitas partes mas nele há uma unidade essencial. Platão tinha assinalado que nós não dizemos. "Meu dedo está dolorido", mas "Eu estou dolorido." Há um eu, uma personalidade, que outorga unidade às muitas e variadas partes de um corpo. O que o eu, a personalidade, é para o corpo, Cristo é para a Igreja. NEle todas as partes tão variadas e diversas encontram unidade. E logo Paulo continua considerando isto de outra maneira. Diz: "Vós sois o corpo de Cristo." Há nisto um pensamento tremendo. Jesus Cristo já não está neste mundo num corpo, e portanto se deseja que se realize sua obra tem que encontrar alguém que a leve a cabo. Se quiser que ensine a um menino, tem que encontrar um professor para que o faça. Se deseja que uma pessoa doente se cure, tem que encontrar um médico ou um cirurgião para que realize sua tarefa. Se quiser que se relate sua história, tem que encontrar o homem que o faça. Literalmente, temos que ser o corpo de Cristo, mãos para fazer sua tarefa, pés para correr atrás de suas mensagens, uma voz que fale por Ele. Aqui está a glória suprema do cristão: o fato de que é parte do corpo de Cristo sobre a Terra. Assim, pois, Paulo traça um quadro da unidade que deveria existir dentro da igreja se esta quer realizar a função que lhe corresponde. Um corpo só é sadio e eficiente quando cada parte do mesmo funciona perfeitamente. As partes do mesmo não sentem ciúmes umas das outras, 1 Coríntios (William Barclay) 115 nem cobiçam as funções umas de outras. Cada parte realiza seu próprio trabalho, e só então existe a saúde. No quadro de Paulo temos que ver certas coisas que deveriam existir na Igreja, o corpo de Cristo. (1) Temos que nos dar conta de que necessitamos uns dos outros. Na Igreja não pode haver tal coisa como o isolamento. Acontece muito freqüentemente que a pessoa na Igreja se abstrai tanto no pequeno trabalho que realiza, tão convencida da suprema importância do trabalho ao qual se dedicou, que desdenha e até critica outros que escolheram outro tipo de tarefa. Se quisermos que a Igreja seja um corpo são, necessitamos do trabalho que cada um pode fazer. (2) Temos que respeitar-nos uns aos outros. No corpo não há problemas de importância relativa. Se qualquer membro ou órgão deixa de funcionar todo o corpo se vê desengrenado. O mesmo acontece com a Igreja. "Todo o serviço tem a mesma posição perante Deus." Sempre que começamos a pensar a respeito de nossa própria importância na Igreja cristã, desaparece a possibilidade de uma obra verdadeiramente cristã. (3) Devemos simpatizar uns com outros. Se uma parte do corpo se vê afetada, todas as outras o sentem; sofrem condoídas, porque não podem deixar de fazê-lo. A Igreja é uma totalidade. A pessoa que não pode ver mais além de sua própria organização, a pessoa que não pode ver mais além de sua congregação, e pior ainda, a que não pode ver mais além de seu próprio círculo familiar nem sequer começou a compreender a verdadeira unidade da Igreja. No final da passagem Paulo continua falando a respeito das diversas formas de serviço dentro da Igreja. Já mencionou algumas delas, mas outras são novas. (1) Coloca à cabeça os apóstolos. Estes eram sem dúvida alguma as figuras maiores da Igreja. Sua autoridade não estava confinada a um só lugar; não exerciam um ministério estável ou local, seus escritos percorriam toda a igreja. Por que acontecia isto? A condição essencial de um apóstolo era ter acompanhado a Jesus em sua vida terrestre e ter sido testemunha da ressurreição (Atos 1:22). Os apóstolos eram os que 1 Coríntios (William Barclay) 116 tinham tido o contato mais íntimo com Jesus nos dias de sua carne e de seu poder ressuscitado. Jesus nunca escreveu nada; não deixou nenhum livro, pelo contrário "escreveu" sua mensagem sobre homens, e estes eram os apóstolos. Nenhuma cerimônia humana pode outorgar a um homem autoridade; a autoridade deve provir sempre do fato de que acompanhou a Cristo. Uma vez alguém disse a Alexandre Whyte depois do culto "Doutor Whyte, você pregou hoje como se viesse diretamente de estar na Grande presencia." "Talvez o tenha estado", respondeu Whyte brandamente. O homem que vem de estar em presença de Deus tem em si autoridade apostólica, não importa a que denominação da Igreja pertença. (2) Já falamos a respeito dos profetas, mas agora Paulo adiciona os mestres. É impossível exagerar a importância destes mestres. Eram os homens que deviam edificar os conversos ganhos pela pregação dos evangelistas e dos apóstolos. Tinham que proceder a instruir a homens e mulheres que literalmente não sabiam nada sobre o cristianismo. Agora, a suprema importância destes homens reside no seguinte: o primeiro evangelho, o de Marcos, não se escreveu até perto do ano 60 d. C., ou seja, até quase trinta anos depois da crucificação de Jesus. Temos que pensar em uma época em que não existia a imprensa, quando os livros tinham que ser escritos à mão e eram muito estranhos, quando um livro do tamanho do Novo Testamento custava ao redor do equivalente de cem dólares, quando as pessoas comuns nunca podia ter a esperança de possuir um. Sendo isto assim, a história de Jesus, seus ensinos, tinham que ser transmitidas de boca em boca. Essa era a tarefa tremenda de um mestre. E devemos recordar isto: um estudante aprenderá mais de um bom mestre que de qualquer livro. Atualmente temos muitos livros, mas ainda é certo que realmente aprendemos a respeito de Cristo através das pessoas. (3) Paulo fala sobre os que ajudam. Estes eram pessoas cuja tarefa era socorrer os pobres, os órfãos, as viúvas e os estranhos. Desde o começo o cristianismo foi algo intensamente prático. Pode ser que 1 Coríntios (William Barclay) 117 alguém não saiba pregar, nem tenha o dom do ensino; mas todos podem ajudar. (4) Paulo fala sobre os que administram (Kuberneseis). A palavra grega é muito interessante, significa literalmente a tarefa do piloto de um barco que o guia através das rochas e bancos de areia rumo ao porto. As pessoas às quais Paulo se refere são as que levam a cabo a administração da Igreja. É uma tarefa essencial. À frente o pregador e o mestre são vistos por todos; mas nunca poderiam realizar seu trabalho se por detrás não estivessem aqueles que levam sobre seus ombros a administração rotineira da Igreja dia a dia. Há partes do corpo que nunca se vêem mas que sua função é mais importante que a de qualquer um; há pessoas que servem na Igreja em formas que não lhes dão publicidade, mas sem seus serviços a Igreja não poderia continuar adiante. Mas no final Paulo vai passar a falar de um dom mais grandioso que qualquer outro. O perigo reside sempre em que aqueles que têm dons distintos diferem uns de outros, estorvando o trabalho efetivo do corpo. Só uma coisa pode unir a Igreja em uma unidade perfeita: o amor. E Paulo passa a entoar seu hino ao amor.
1 Coríntios 12:12-31 Nesta passagem temos uma das mais famosas descrições da Igreja que jamais se escreveram. Os homens se viram sempre fascinados pela forma em que as distintas partes do corpo cooperam. Faz muito tempo Platão tinha esboçado um quadro famoso em que dizia que a cabeça era a cidadela; o pescoço, o istmo entre a cabeça e o corpo; o coração, a fonte do corpo; os poros, os atalhos do corpo; as veias, os canais do corpo. De modo que Paulo traçou seu quadro da Igreja como um corpo. Este consta de muitas partes mas nele há uma unidade essencial. Platão tinha assinalado que nós não dizemos. "Meu dedo está dolorido", mas "Eu estou dolorido." Há um eu, uma personalidade, que outorga unidade às muitas e variadas partes de um corpo. O que o eu, a personalidade, é para o corpo, Cristo é para a Igreja. NEle todas as partes tão variadas e diversas encontram unidade. E logo Paulo continua considerando isto de outra maneira. Diz: "Vós sois o corpo de Cristo." Há nisto um pensamento tremendo. Jesus Cristo já não está neste mundo num corpo, e portanto se deseja que se realize sua obra tem que encontrar alguém que a leve a cabo. Se quiser que ensine a um menino, tem que encontrar um professor para que o faça. Se deseja que uma pessoa doente se cure, tem que encontrar um médico ou um cirurgião para que realize sua tarefa. Se quiser que se relate sua história, tem que encontrar o homem que o faça. Literalmente, temos que ser o corpo de Cristo, mãos para fazer sua tarefa, pés para correr atrás de suas mensagens, uma voz que fale por Ele. Aqui está a glória suprema do cristão: o fato de que é parte do corpo de Cristo sobre a Terra. Assim, pois, Paulo traça um quadro da unidade que deveria existir dentro da igreja se esta quer realizar a função que lhe corresponde. Um corpo só é sadio e eficiente quando cada parte do mesmo funciona perfeitamente. As partes do mesmo não sentem ciúmes umas das outras, 1 Coríntios (William Barclay) 115 nem cobiçam as funções umas de outras. Cada parte realiza seu próprio trabalho, e só então existe a saúde. No quadro de Paulo temos que ver certas coisas que deveriam existir na Igreja, o corpo de Cristo. (1) Temos que nos dar conta de que necessitamos uns dos outros. Na Igreja não pode haver tal coisa como o isolamento. Acontece muito freqüentemente que a pessoa na Igreja se abstrai tanto no pequeno trabalho que realiza, tão convencida da suprema importância do trabalho ao qual se dedicou, que desdenha e até critica outros que escolheram outro tipo de tarefa. Se quisermos que a Igreja seja um corpo são, necessitamos do trabalho que cada um pode fazer. (2) Temos que respeitar-nos uns aos outros. No corpo não há problemas de importância relativa. Se qualquer membro ou órgão deixa de funcionar todo o corpo se vê desengrenado. O mesmo acontece com a Igreja. "Todo o serviço tem a mesma posição perante Deus." Sempre que começamos a pensar a respeito de nossa própria importância na Igreja cristã, desaparece a possibilidade de uma obra verdadeiramente cristã. (3) Devemos simpatizar uns com outros. Se uma parte do corpo se vê afetada, todas as outras o sentem; sofrem condoídas, porque não podem deixar de fazê-lo. A Igreja é uma totalidade. A pessoa que não pode ver mais além de sua própria organização, a pessoa que não pode ver mais além de sua congregação, e pior ainda, a que não pode ver mais além de seu próprio círculo familiar nem sequer começou a compreender a verdadeira unidade da Igreja. No final da passagem Paulo continua falando a respeito das diversas formas de serviço dentro da Igreja. Já mencionou algumas delas, mas outras são novas. (1) Coloca à cabeça os apóstolos. Estes eram sem dúvida alguma as figuras maiores da Igreja. Sua autoridade não estava confinada a um só lugar; não exerciam um ministério estável ou local, seus escritos percorriam toda a igreja. Por que acontecia isto? A condição essencial de um apóstolo era ter acompanhado a Jesus em sua vida terrestre e ter sido testemunha da ressurreição (Atos 1:22). Os apóstolos eram os que 1 Coríntios (William Barclay) 116 tinham tido o contato mais íntimo com Jesus nos dias de sua carne e de seu poder ressuscitado. Jesus nunca escreveu nada; não deixou nenhum livro, pelo contrário "escreveu" sua mensagem sobre homens, e estes eram os apóstolos. Nenhuma cerimônia humana pode outorgar a um homem autoridade; a autoridade deve provir sempre do fato de que acompanhou a Cristo. Uma vez alguém disse a Alexandre Whyte depois do culto "Doutor Whyte, você pregou hoje como se viesse diretamente de estar na Grande presencia." "Talvez o tenha estado", respondeu Whyte brandamente. O homem que vem de estar em presença de Deus tem em si autoridade apostólica, não importa a que denominação da Igreja pertença. (2) Já falamos a respeito dos profetas, mas agora Paulo adiciona os mestres. É impossível exagerar a importância destes mestres. Eram os homens que deviam edificar os conversos ganhos pela pregação dos evangelistas e dos apóstolos. Tinham que proceder a instruir a homens e mulheres que literalmente não sabiam nada sobre o cristianismo. Agora, a suprema importância destes homens reside no seguinte: o primeiro evangelho, o de Marcos, não se escreveu até perto do ano 60 d. C., ou seja, até quase trinta anos depois da crucificação de Jesus. Temos que pensar em uma época em que não existia a imprensa, quando os livros tinham que ser escritos à mão e eram muito estranhos, quando um livro do tamanho do Novo Testamento custava ao redor do equivalente de cem dólares, quando as pessoas comuns nunca podia ter a esperança de possuir um. Sendo isto assim, a história de Jesus, seus ensinos, tinham que ser transmitidas de boca em boca. Essa era a tarefa tremenda de um mestre. E devemos recordar isto: um estudante aprenderá mais de um bom mestre que de qualquer livro. Atualmente temos muitos livros, mas ainda é certo que realmente aprendemos a respeito de Cristo através das pessoas. (3) Paulo fala sobre os que ajudam. Estes eram pessoas cuja tarefa era socorrer os pobres, os órfãos, as viúvas e os estranhos. Desde o começo o cristianismo foi algo intensamente prático. Pode ser que 1 Coríntios (William Barclay) 117 alguém não saiba pregar, nem tenha o dom do ensino; mas todos podem ajudar. (4) Paulo fala sobre os que administram (Kuberneseis). A palavra grega é muito interessante, significa literalmente a tarefa do piloto de um barco que o guia através das rochas e bancos de areia rumo ao porto. As pessoas às quais Paulo se refere são as que levam a cabo a administração da Igreja. É uma tarefa essencial. À frente o pregador e o mestre são vistos por todos; mas nunca poderiam realizar seu trabalho se por detrás não estivessem aqueles que levam sobre seus ombros a administração rotineira da Igreja dia a dia. Há partes do corpo que nunca se vêem mas que sua função é mais importante que a de qualquer um; há pessoas que servem na Igreja em formas que não lhes dão publicidade, mas sem seus serviços a Igreja não poderia continuar adiante. Mas no final Paulo vai passar a falar de um dom mais grandioso que qualquer outro. O perigo reside sempre em que aqueles que têm dons distintos diferem uns de outros, estorvando o trabalho efetivo do corpo. Só uma coisa pode unir a Igreja em uma unidade perfeita: o amor. E Paulo passa a entoar seu hino ao amor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário