COMPRADO POR UM PREÇO
1 Coríntios 6:12-20 Nesta passagem Paulo enfrenta uma série de problemas. Termina com uma ordem: "Glorificai, pois, a Deus no vosso corpo" (v. 20, RC). É o grito de batalha de Paulo na passagem. Os gregos sempre desprezaram seus corpos. Havia um provérbio que dizia: "O corpo é uma tumba". Epicteto dizia "Sou uma pobre alma encadeada a um cadáver." O que importava era a alma, o espírito do homem; o corpo não interessava. Isto dava como resultado duas atitudes. Ou dava origem ao mais rigoroso ascetismo no qual tudo se realizava para dominar e humilhar os desejos e instintos do corpo. Ou — e em Corinto prevalecia a segunda atitude — significava que visto que o corpo não importava, podia-se fazer o que se quisesse com ele: podia-se deixá-lo saciar e satisfazer os seus apetites. Não interessava absolutamente. Se o que interessa é a alma, diziam, então não tem importância o que o homem faça com seu corpo. O que complicava isto era a doutrina da liberdade cristã que Paulo pregava. Se o homem cristão era o mais livre de todos, não está livre para fazer o que desejar, especialmente com esse corpo tão insignificante que lhe pertence? De modo que — argumentavam os coríntios — de uma maneira que consideravam muito sábia, era preciso deixar que o corpo fizesse o que quisesse. Mas o que é o que o corpo quer? O estômago foi criado para a comida e a comida para o estômago, diziam os coríntios. Comida e estômago inevitável e naturalmente vão lado a lado. Precisamente da mesma maneira — diziam — o corpo estava feito para seus instintos, está feito para o ato sexual e este está feito para ele; portanto era preciso deixar que os desejos do corpo seguissem seu caminho. A resposta de Paulo é clara. O estômago e a comida são coisas passageiras; chegará o dia em que ambos passarão. Mas o corpo, a personalidade, o homem como uma totalidade não perecerá, foi criado para unir-se com Cristo neste mundo e estreitar esta união no além. 1 Coríntios (William Barclay) 62 Cristo e todo o homem estão inevitavelmente relacionados. O que acontece então se o homem fornicar? Entrega seu corpo a uma rameira, pois as Escrituras dizem que o ato sexual faz com que duas pessoas sejam uma só carne. Esta é uma citação de Gênesis 2:24. O que quer dizer que o corpo que pertence a Cristo foi literalmente prostituído Lembremos que Paulo não está escrevendo um tratado sistemático, está pregando, rogando com um coração fogoso e com uma língua que está disposta a utilizar todos os argumentos que possa. Diz que de todos os pecados, a fornicação é aquele que afeta ao corpo do homem e o ofende. Agora, isto não é estritamente certo — o alcoolismo pode fazer o mesmo. Mas Paulo não escreve para satisfazer a um examinador, está suplicando para que os coríntios se salvem em corpo e em alma, de modo que aduz que os outros pecados são externos ao homem, enquanto que neste está pecando contra seu próprio corpo, aquele que está destinado a unir-se a Cristo. E finalmente realiza um último chamado. Devido ao fato de que o espírito de Deus habita em nós, convertemo-nos em templos de Deus; e se isto é assim nossos corpos são sagrados. E o que é mais — Cristo morreu não para salvar uma parte do homem, mas sim a sua totalidade, salvá-lo em corpo e espírito. Cristo deu sua vida para outorgar ao homem uma alma redimiu a e um corpo puro. E devido a isto o corpo do homem não é sua propriedade com a qual pode fazer o que deseja, pertence a Cristo, e o homem deve utilizar esse corpo não para satisfazer seus próprios apetites, mas sim para a glória do Salvador. Há dois grandes pensamentos nisto. (1) Paulo insiste em que, apesar de estar livre para fazer o que deseja, não deixará que nada o domine. Uma das grandezas da fé cristã é que não liberta o homem para pecar, mas sim para que não o faça. É muito fácil deixar que hábitos, práticas e formas de vida nos dominem, mas a força cristã nos permite dominá-los. Quando um homem experimenta realmente o poder cristão se converte, não em um escravo de seu corpo, de seus instintos e de seus desejos, mas sim em amo dos 1 Coríntios (William Barclay) 63 mesmos. Muitas vezes o homem diz "Farei o que me agrada", quando em realidade quer dizer que acessará o hábito ou a paixão que o domina; só quando o homem tem a força de Cristo nele pode dizer real e verdadeiramente: "Farei o que quiser", e não, "Satisfarei as coisas que me dominam." (2) Paulo insiste em que não nos pertencemos. Não existe no mundo um homem que se criou a si mesmo. Não podemos fazer nada que só nos faça sofrer. O cristão não pensa em seus direitos, mas sim em seus deveres. Nunca pode fazer o que lhe agrada devido ao fato de que não se pertence a si mesmo, deve fazer sempre o que Cristo deseja, devido ao fato de que ele o comprou com sua vida. Na seção de nossa carta que está compreendida entre os caps. 7 a 15 Paulo se dedica a responder uma série de perguntas e a tratar certos problemas sobre os quais a Igreja de Corinto lhe pediu conselho. Começa a seção dizendo: “Quanto ao que me escrevestes...” Em linguagem moderna diríamos: "Com referência à sua carta." Daremos um esboço do problema à medida que o consideremos. O capítulo 7 trata de uma série de problemas com respeito ao casamento. Este é um resumo dos assuntos sobre os quais a Igreja de Corinto desejava o conselho de Paulo. Versículos 1 e 2: Conselho para os que pensam que os cristãos não deveriam casar. Versículos 3-7: Conselho para aqueles que sustentam que até aqueles que estão casados deviam abster-se de manter relações sexuais. Versículos 8 e 9: Conselhos para os solteiros e as viúvas. Versículos 10 e 11: Conselho para os que pensam que os casados deviam separar-se. Versículos 12-17: Conselho para os que pensam em se os casamentos entre um cristão e um pagão teriam que dissolver-se. Versículos 18 e 24: Instruções para viver a vida cristã em qualquer estado civil. Versículo 25 e versículos 36-38: Conselhos a respeito das virgens. 1 Coríntios (William Barclay) 64 Versículos 26-35: Exortação a que nada impeça o concentrar-se no serviço de Cristo, devido ao fato de que o tempo é curto e Cristo virá muito em breve outra vez. Versículos 38-40: Conselhos para os que desejem voltar a casar-se. Devemos estudar este capítulo tendo em conta firmemente dois aspectos: (1) Paulo está escrevendo a Corinto, que era a cidade mais imoral do mundo. Para viver numa situação e num meio como esse, era muito melhor ser muito estrito que ser muito frouxo. (2) O que domina e dita cada uma das respostas de Paulo é a convicção de que a segunda vinda de Cristo ia ser imediata. Não se realizou esta expectativa. Mas Paulo estava convencido de que estava aconselhando para uma situação puramente transitiva. Podemos estar seguros de que em muitos casos seus conselhos teria sido algo distintos se tivesse visualizado uma situação permanente. Agora consideremos o capítulo em detalhe. 1 Coríntios 7 Completo ascetismo - 7:1-2 O companheirismo no casamento - 7:3-7 O vínculo que não se deve romper - 7:8-16 Servindo a Deus onde Ele nos pôs - 7:17-24 Conselho prático sobre um problema difícil - 7:25, 36-38 O tempo é curto - 7:26-35 Um novo casamento - 7:39-40
1 Coríntios 6:12-20 Nesta passagem Paulo enfrenta uma série de problemas. Termina com uma ordem: "Glorificai, pois, a Deus no vosso corpo" (v. 20, RC). É o grito de batalha de Paulo na passagem. Os gregos sempre desprezaram seus corpos. Havia um provérbio que dizia: "O corpo é uma tumba". Epicteto dizia "Sou uma pobre alma encadeada a um cadáver." O que importava era a alma, o espírito do homem; o corpo não interessava. Isto dava como resultado duas atitudes. Ou dava origem ao mais rigoroso ascetismo no qual tudo se realizava para dominar e humilhar os desejos e instintos do corpo. Ou — e em Corinto prevalecia a segunda atitude — significava que visto que o corpo não importava, podia-se fazer o que se quisesse com ele: podia-se deixá-lo saciar e satisfazer os seus apetites. Não interessava absolutamente. Se o que interessa é a alma, diziam, então não tem importância o que o homem faça com seu corpo. O que complicava isto era a doutrina da liberdade cristã que Paulo pregava. Se o homem cristão era o mais livre de todos, não está livre para fazer o que desejar, especialmente com esse corpo tão insignificante que lhe pertence? De modo que — argumentavam os coríntios — de uma maneira que consideravam muito sábia, era preciso deixar que o corpo fizesse o que quisesse. Mas o que é o que o corpo quer? O estômago foi criado para a comida e a comida para o estômago, diziam os coríntios. Comida e estômago inevitável e naturalmente vão lado a lado. Precisamente da mesma maneira — diziam — o corpo estava feito para seus instintos, está feito para o ato sexual e este está feito para ele; portanto era preciso deixar que os desejos do corpo seguissem seu caminho. A resposta de Paulo é clara. O estômago e a comida são coisas passageiras; chegará o dia em que ambos passarão. Mas o corpo, a personalidade, o homem como uma totalidade não perecerá, foi criado para unir-se com Cristo neste mundo e estreitar esta união no além. 1 Coríntios (William Barclay) 62 Cristo e todo o homem estão inevitavelmente relacionados. O que acontece então se o homem fornicar? Entrega seu corpo a uma rameira, pois as Escrituras dizem que o ato sexual faz com que duas pessoas sejam uma só carne. Esta é uma citação de Gênesis 2:24. O que quer dizer que o corpo que pertence a Cristo foi literalmente prostituído Lembremos que Paulo não está escrevendo um tratado sistemático, está pregando, rogando com um coração fogoso e com uma língua que está disposta a utilizar todos os argumentos que possa. Diz que de todos os pecados, a fornicação é aquele que afeta ao corpo do homem e o ofende. Agora, isto não é estritamente certo — o alcoolismo pode fazer o mesmo. Mas Paulo não escreve para satisfazer a um examinador, está suplicando para que os coríntios se salvem em corpo e em alma, de modo que aduz que os outros pecados são externos ao homem, enquanto que neste está pecando contra seu próprio corpo, aquele que está destinado a unir-se a Cristo. E finalmente realiza um último chamado. Devido ao fato de que o espírito de Deus habita em nós, convertemo-nos em templos de Deus; e se isto é assim nossos corpos são sagrados. E o que é mais — Cristo morreu não para salvar uma parte do homem, mas sim a sua totalidade, salvá-lo em corpo e espírito. Cristo deu sua vida para outorgar ao homem uma alma redimiu a e um corpo puro. E devido a isto o corpo do homem não é sua propriedade com a qual pode fazer o que deseja, pertence a Cristo, e o homem deve utilizar esse corpo não para satisfazer seus próprios apetites, mas sim para a glória do Salvador. Há dois grandes pensamentos nisto. (1) Paulo insiste em que, apesar de estar livre para fazer o que deseja, não deixará que nada o domine. Uma das grandezas da fé cristã é que não liberta o homem para pecar, mas sim para que não o faça. É muito fácil deixar que hábitos, práticas e formas de vida nos dominem, mas a força cristã nos permite dominá-los. Quando um homem experimenta realmente o poder cristão se converte, não em um escravo de seu corpo, de seus instintos e de seus desejos, mas sim em amo dos 1 Coríntios (William Barclay) 63 mesmos. Muitas vezes o homem diz "Farei o que me agrada", quando em realidade quer dizer que acessará o hábito ou a paixão que o domina; só quando o homem tem a força de Cristo nele pode dizer real e verdadeiramente: "Farei o que quiser", e não, "Satisfarei as coisas que me dominam." (2) Paulo insiste em que não nos pertencemos. Não existe no mundo um homem que se criou a si mesmo. Não podemos fazer nada que só nos faça sofrer. O cristão não pensa em seus direitos, mas sim em seus deveres. Nunca pode fazer o que lhe agrada devido ao fato de que não se pertence a si mesmo, deve fazer sempre o que Cristo deseja, devido ao fato de que ele o comprou com sua vida. Na seção de nossa carta que está compreendida entre os caps. 7 a 15 Paulo se dedica a responder uma série de perguntas e a tratar certos problemas sobre os quais a Igreja de Corinto lhe pediu conselho. Começa a seção dizendo: “Quanto ao que me escrevestes...” Em linguagem moderna diríamos: "Com referência à sua carta." Daremos um esboço do problema à medida que o consideremos. O capítulo 7 trata de uma série de problemas com respeito ao casamento. Este é um resumo dos assuntos sobre os quais a Igreja de Corinto desejava o conselho de Paulo. Versículos 1 e 2: Conselho para os que pensam que os cristãos não deveriam casar. Versículos 3-7: Conselho para aqueles que sustentam que até aqueles que estão casados deviam abster-se de manter relações sexuais. Versículos 8 e 9: Conselhos para os solteiros e as viúvas. Versículos 10 e 11: Conselho para os que pensam que os casados deviam separar-se. Versículos 12-17: Conselho para os que pensam em se os casamentos entre um cristão e um pagão teriam que dissolver-se. Versículos 18 e 24: Instruções para viver a vida cristã em qualquer estado civil. Versículo 25 e versículos 36-38: Conselhos a respeito das virgens. 1 Coríntios (William Barclay) 64 Versículos 26-35: Exortação a que nada impeça o concentrar-se no serviço de Cristo, devido ao fato de que o tempo é curto e Cristo virá muito em breve outra vez. Versículos 38-40: Conselhos para os que desejem voltar a casar-se. Devemos estudar este capítulo tendo em conta firmemente dois aspectos: (1) Paulo está escrevendo a Corinto, que era a cidade mais imoral do mundo. Para viver numa situação e num meio como esse, era muito melhor ser muito estrito que ser muito frouxo. (2) O que domina e dita cada uma das respostas de Paulo é a convicção de que a segunda vinda de Cristo ia ser imediata. Não se realizou esta expectativa. Mas Paulo estava convencido de que estava aconselhando para uma situação puramente transitiva. Podemos estar seguros de que em muitos casos seus conselhos teria sido algo distintos se tivesse visualizado uma situação permanente. Agora consideremos o capítulo em detalhe. 1 Coríntios 7 Completo ascetismo - 7:1-2 O companheirismo no casamento - 7:3-7 O vínculo que não se deve romper - 7:8-16 Servindo a Deus onde Ele nos pôs - 7:17-24 Conselho prático sobre um problema difícil - 7:25, 36-38 O tempo é curto - 7:26-35 Um novo casamento - 7:39-40
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