PRIMÍCIAS DOS QUE DORMEM
1 Coríntios 15:20-28 Esta é outra passagem muito difícil para nós devido ao fato de que se refere a idéias e conceitos que nos são estranhos. Fala de Cristo como "as primícias dos que dormem". Aqui Paulo está pensando em termos de uma imagem que todo judeu saberia e reconheceria. A festa da Páscoa tinha mais de um significado. Como todos sabem, comemorava a saída dos filhos de Israel do Egito. Mas também era um grande festival da colheita. A data coincidia com o momento em que se começava a colheita da cevada. A lei estabelecia: “Trareis um molho das primícias da vossa sega ao sacerdote; e ele moverá o molho perante o SENHOR, para que sejais aceitos; ao seguinte dia do sábado, o moverá o sacerdote.” (Levítico 23:10,11, RC). A lei estabelecia que algumas molhos de cevada deviam ser obtidas de um campo comum. Não deviam provir nem de um jardim, nem de um pomar, nem de terra especialmente preparada. Deviam provir de um campo típico. Quando se cortava a cevada era levada ao templo. Ali era debulhava com varas suaves para não arruiná-la. Logo era torrava sobre o fogo numa frigideira perfurada de modo que cada grão fosse tocado por ele. Logo era exposta ao vento para que a palha voasse. Depois era triturada num moinho, e se oferecia a farinha a Deus. Essas eram as primícias. E é muito significativo notar que até ser realizada não se podia comprar nem vender a cevada nova nos negócios nem fazer pão da nova farinha. Assim como as primícias eram um sinal da próxima colheita, a ressurreição de Jesus era um sinal da ressurreição de todos os crentes. Assim como não se podia utilizar a cevada nova até ter devotado devidamente as primícias, a nova colheita da vida não chegaria até Jesus não ter ressuscitado dos mortos. Logo Paulo utiliza outra idéia judia. Segundo o antigo relato de Gênesis 3:1-19, a morte entrou no mundo pelo pecado de Adão. A morte 1 Coríntios (William Barclay) 150 foi a conseqüência direta e o castigo desse pecado. Os judeus criam literalmente que todos os homens tinham pecado em Adão. Para nós é fácil ver que o pecado de Adão podia transmitir à sua descendência a tendência a pecar. Como disse Esquilo: "O ato ímpio deixa atrás de si uma origem maior, todos parecidos com a estirpe paterna." Como escreveu George Eliot. "Nossos atos são como filhos que nascem, vivem e agem fora de nossa vontade; os meninos podem ser estrangulados, mas os atos não. Têm uma vida indestrutível tanto dentro como fora de nossa consciência." Ninguém negaria que um menino pode herdar a tendência a pecar, e que os pecados dos pais serão literalmente "visitados" sobre seus filhos. Ninguém pode negar que um menino pode herdar as conseqüências do pecado de seu pai, porque sabemos muito bem que as condições físicas que são o resultado de uma vida imoral podem ser transmitidas a um menino. Mas os judeus queriam dizer mais que isto. Eles tinham um tremendo sentido de solidariedade. Estavam seguros de que ninguém podia fazer nada que afetasse só a ele. Estava preso ao feixe da vida. E sustentavam que todos os homens tinham pecado em Adão. Para os judeus ele era o pai da raça humana. Todo mundo dos homens estava, por assim dizer, nele. E quando ele pecou, todos pecaram. Esta idéia pode nos parecer muito estranha. Pode nos parecer injusta. Mas era uma crença judia. Todos tinham pecado em Adão, e portanto todos deviam sofrer a pena de morte. De modo que nos encontramos com uma situação em que todos os homens são pecadores e portanto todos devem morrer. Mas com a vinda de Cristo essa cadeia quebrou-se. Essa situação viu-se invadida por algo novo. Cristo não havia pecado. Tinha vencido a morte. E assim como todos os homens tinham pecado em Adão, todos se livravam do pecado em Cristo; e assim como todos tinham morrido em Adão, todos venciam a morte em Cristo. Nossa unidade com Cristo é tão real como nossa unidade com Adão e esta unidade destrói o efeito nocivo da anterior. 1 Coríntios (William Barclay) 151 Temos, pois, dois grupos de atos que contrastam. Primeiro, está Adão: pecado e morte. Logo está Cristo: benevolência e vida. E assim como todos estivemos envoltos no pecado do primeiro homem que foi criado, estamos envoltos na vitória do que recriou a humanidade. Qualquer que seja o juízo que nos mereça esta maneira de pensar, era algo convincente para os que o ouviram pela primeira vez; e mesmo que haja outras dúvidas, o certo é que com Jesus Cristo veio ao mundo um novo poder para libertar os homens do pecado e da morte que emaranhavam a situação humana. Os versículos 24 a 28 são muito estranhos para nós. Estamos acostumados a pensar de tal maneira que pomos o Pai e o filho num plano de igualdade. Mas aqui Paulo de maneira bem clara e deliberada subordina o Filho ao Pai. O que pensa é isto. Só podemos utilizar termos e analogias humanas. Deus deu a Jesus uma tarefa para fazer, que consistia em derrotar o pecado, vencer a morte e libertar o homem. Chegará o dia em que essa tarefa se cumpriu total e finalmente, e então, pensando em termos gráficos, o Filho retornará ao Pai como um vencedor que retorna ao lar e o triunfo de Deus será completo. Não se trata de que o Filho esteja sujeito a seu Pai como o estão um escravo ou um servo a seu amo. É o caso de alguém que cumpriu o trabalho que lhe foi encarregado, e que retorna coroado com a glória da obediência completa. Assim como Deus enviou seu Filho a redimir o mundo, assim ao chegar o fim Deus receberá um mundo redimido, e não haverá nada no céu nem na Terra que esteja fora do amor e do poder de Deus.
1 Coríntios 15:20-28 Esta é outra passagem muito difícil para nós devido ao fato de que se refere a idéias e conceitos que nos são estranhos. Fala de Cristo como "as primícias dos que dormem". Aqui Paulo está pensando em termos de uma imagem que todo judeu saberia e reconheceria. A festa da Páscoa tinha mais de um significado. Como todos sabem, comemorava a saída dos filhos de Israel do Egito. Mas também era um grande festival da colheita. A data coincidia com o momento em que se começava a colheita da cevada. A lei estabelecia: “Trareis um molho das primícias da vossa sega ao sacerdote; e ele moverá o molho perante o SENHOR, para que sejais aceitos; ao seguinte dia do sábado, o moverá o sacerdote.” (Levítico 23:10,11, RC). A lei estabelecia que algumas molhos de cevada deviam ser obtidas de um campo comum. Não deviam provir nem de um jardim, nem de um pomar, nem de terra especialmente preparada. Deviam provir de um campo típico. Quando se cortava a cevada era levada ao templo. Ali era debulhava com varas suaves para não arruiná-la. Logo era torrava sobre o fogo numa frigideira perfurada de modo que cada grão fosse tocado por ele. Logo era exposta ao vento para que a palha voasse. Depois era triturada num moinho, e se oferecia a farinha a Deus. Essas eram as primícias. E é muito significativo notar que até ser realizada não se podia comprar nem vender a cevada nova nos negócios nem fazer pão da nova farinha. Assim como as primícias eram um sinal da próxima colheita, a ressurreição de Jesus era um sinal da ressurreição de todos os crentes. Assim como não se podia utilizar a cevada nova até ter devotado devidamente as primícias, a nova colheita da vida não chegaria até Jesus não ter ressuscitado dos mortos. Logo Paulo utiliza outra idéia judia. Segundo o antigo relato de Gênesis 3:1-19, a morte entrou no mundo pelo pecado de Adão. A morte 1 Coríntios (William Barclay) 150 foi a conseqüência direta e o castigo desse pecado. Os judeus criam literalmente que todos os homens tinham pecado em Adão. Para nós é fácil ver que o pecado de Adão podia transmitir à sua descendência a tendência a pecar. Como disse Esquilo: "O ato ímpio deixa atrás de si uma origem maior, todos parecidos com a estirpe paterna." Como escreveu George Eliot. "Nossos atos são como filhos que nascem, vivem e agem fora de nossa vontade; os meninos podem ser estrangulados, mas os atos não. Têm uma vida indestrutível tanto dentro como fora de nossa consciência." Ninguém negaria que um menino pode herdar a tendência a pecar, e que os pecados dos pais serão literalmente "visitados" sobre seus filhos. Ninguém pode negar que um menino pode herdar as conseqüências do pecado de seu pai, porque sabemos muito bem que as condições físicas que são o resultado de uma vida imoral podem ser transmitidas a um menino. Mas os judeus queriam dizer mais que isto. Eles tinham um tremendo sentido de solidariedade. Estavam seguros de que ninguém podia fazer nada que afetasse só a ele. Estava preso ao feixe da vida. E sustentavam que todos os homens tinham pecado em Adão. Para os judeus ele era o pai da raça humana. Todo mundo dos homens estava, por assim dizer, nele. E quando ele pecou, todos pecaram. Esta idéia pode nos parecer muito estranha. Pode nos parecer injusta. Mas era uma crença judia. Todos tinham pecado em Adão, e portanto todos deviam sofrer a pena de morte. De modo que nos encontramos com uma situação em que todos os homens são pecadores e portanto todos devem morrer. Mas com a vinda de Cristo essa cadeia quebrou-se. Essa situação viu-se invadida por algo novo. Cristo não havia pecado. Tinha vencido a morte. E assim como todos os homens tinham pecado em Adão, todos se livravam do pecado em Cristo; e assim como todos tinham morrido em Adão, todos venciam a morte em Cristo. Nossa unidade com Cristo é tão real como nossa unidade com Adão e esta unidade destrói o efeito nocivo da anterior. 1 Coríntios (William Barclay) 151 Temos, pois, dois grupos de atos que contrastam. Primeiro, está Adão: pecado e morte. Logo está Cristo: benevolência e vida. E assim como todos estivemos envoltos no pecado do primeiro homem que foi criado, estamos envoltos na vitória do que recriou a humanidade. Qualquer que seja o juízo que nos mereça esta maneira de pensar, era algo convincente para os que o ouviram pela primeira vez; e mesmo que haja outras dúvidas, o certo é que com Jesus Cristo veio ao mundo um novo poder para libertar os homens do pecado e da morte que emaranhavam a situação humana. Os versículos 24 a 28 são muito estranhos para nós. Estamos acostumados a pensar de tal maneira que pomos o Pai e o filho num plano de igualdade. Mas aqui Paulo de maneira bem clara e deliberada subordina o Filho ao Pai. O que pensa é isto. Só podemos utilizar termos e analogias humanas. Deus deu a Jesus uma tarefa para fazer, que consistia em derrotar o pecado, vencer a morte e libertar o homem. Chegará o dia em que essa tarefa se cumpriu total e finalmente, e então, pensando em termos gráficos, o Filho retornará ao Pai como um vencedor que retorna ao lar e o triunfo de Deus será completo. Não se trata de que o Filho esteja sujeito a seu Pai como o estão um escravo ou um servo a seu amo. É o caso de alguém que cumpriu o trabalho que lhe foi encarregado, e que retorna coroado com a glória da obediência completa. Assim como Deus enviou seu Filho a redimir o mundo, assim ao chegar o fim Deus receberá um mundo redimido, e não haverá nada no céu nem na Terra que esteja fora do amor e do poder de Deus.
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