1 Coríntios 16
Planos práticos - 16:1-12
Saudações e palavras finais - 16:13-24
PLANOS PRÁTICOS
1 Coríntios 16:1-12 Nada mais típico de Paulo que a mudança abrupta entre o capítulo 15 e o 16. O primeiro transitou o mais alto reino do pensamento e da teologia, e discutiu a vida no mundo por vir. O segundo, refere-se às coisas mais práticas da maneira mais prática e tem que ver com a vida cotidiana neste mundo e a administração da Igreja. Nenhum pensamento é muito alto para Paulo não chegar a ele, e nenhum detalhe prático da administração é muito pequeno para ele não lembrar. Paulo estava longe de ser um desses sonhadores e visionários que se encontram à vontade no reino da especulação teológica, e que se encontram completamente perdidos nas coisas práticas. Podem ter existido momentos nos quais Paulo tinha a cabeça nas nuvens e para além delas, mas seus pés sempre se assentaram firmemente sobre terreno sólido. 1 Coríntios (William Barclay) 161 Começa falando a respeito da coleta para os santos pobres em Jerusalém. Esta era uma responsabilidade muito apreciada pelo coração de Paulo (ver Gál. 2:10; 2 Cor. caps 8 e 9; Rom. 15:25; Atos 24:17). Havia uma certa irmandade no mundo antigo. No mundo grego havia associações chamadas eranoi. Se uma pessoa passava por dias maus ou por uma necessidade repentina, seus amigos se reuniam para juntar um empréstimo livre de juros para ajudá-la. A sinagoga tinha funcionários cuja tarefa era a de arrecadar dos que tinham e repartir entre os pobres. Freqüentemente os judeus que tinham saído de seu país e tinham prosperado, enviavam mensageiros a Jerusalém com suas contribuições para o templo e para os pobres. Paulo não queria que a Igreja cristã ficasse atrás dos judeus e pagãos em generosidade. Mas para Paulo esta coleta para os pobres de Jerusalém significava mais que isto. (1) Era uma forma de demonstrar a unidade da Igreja. Era uma maneira de ensinar aos cristãos dispersos que não eram membros de uma congregação, mas sim de uma Igreja, e que cada parte dela tinha obrigações para com o resto e era responsável por ele. A posição estreitamente congregacional estava longe da concepção paulina da Igreja. (2) Era uma maneira de tornar efetivo o ensino prático do cristianismo. Ao organizar esta coleta Paulo estava dando a seus conversos a oportunidade de traduzir em ação os ensinos de Cristo sobre a virtude cristã do amor. Assinalou-se que, nas distintas cartas e conversações, Paulo utiliza não menos de nove palavras distintas para descrever esta coleta. (1) Aqui ele a chama logia. Significa uma coleta extra. Uma logia era o oposto de um imposto que se devia pagar; era uma maneira de dar fora do comum. O homem nunca satisfaz seu dever cristão saldando as obrigações que legalmente se vê forçado a cumprir. A pergunta de Jesus era a seguinte: "O que fazem de mais?" (Mateus 5:47). (2) Às vezes ele a chama uma charis. (1 Coríntios 16:3; 2 Cor. 8:4). Como já vimos a característica de charis é que descreve um dom 1 Coríntios (William Barclay) 162 outorgado livremente. O realmente belo não é algo que foi extraído de alguém, não importa quão grande seja, mas sim algo que se dá com o amor que inunda o coração do homem, embora se trate de algo pequeno. Devemos notar que Paulo não estabelece sinceramente o que cada cristão coríntio deve dar. Diz que devem dar de acordo com sua prosperidade. Uma soma que pode não ser nada para um rico, pode representar um grande sacrifício para um pobre. O coração de um homem deve lhe dizer quanto dar. (3) Às vezes utiliza a palavra koinonia (2 Cor. 8:4; 9:13; Rom. 15:6). Koinonia significa comunidade, e a essência da comunidade é compartilhar. A comunidade cristã está baseada no espírito que não pode guardar para si mesmo o que tem, mas sim considera todas as suas posses como coisas que se devem compartilhar com outros. A pergunta predominante não é: "O que guardar para mim?", mas sim: "O que posso dar?" (4) Algumas vezes utiliza a palavra diakonia (2 Cor. 8:4; 9:1,12,13). Diakonia significa serviço cristão prático. Da palavra afim diakonos se deriva nossa palavra diácono. Muitas vezes pode ocorrer que as limitações da vida nos impedem de render um serviço pessoal, e freqüentemente possa suceder que nosso dinheiro possa chegar aonde nós não podemos. (5) Uma vez utiliza a palavra hadrotes cujo significado é abundância (2 Coríntios 8:20). Nessa passagem Paulo fala a respeito dos enviados da Igreja que o acompanham para garantir que ele não malverse a abundância que lhe foi confiada. Paulo nunca teria desejado abundância para si mesmo. Estava de acordo com o que podia ganhar com o trabalho de suas mãos e o suor de seu rosto. Mas seu coração se alegrava quando contava com abundância para dar. É um feio comentário a respeito da natureza humana que, quando um homem sonha com o que faria se fosse milionário, sempre começa pensando no que compraria para si mesmo, e muito poucas vezes no que estaria disposto a dar. 1 Coríntios (William Barclay) 163 (6) Algumas vezes Paulo utiliza a palavra eulogia, que neste caso significa generosidade (2 Coríntios 9:5). Há uma maneira de dar que não é generosa. A outorga como um dever frio e inevitável; dá-se a contra gosto e não com alegria. Em tudo verdadeiro dar há uma generosidade que acima de todas as coisas está feliz de poder dar. (7) Algumas vezes utiliza a palavra leitourgia (2 Coríntios 9:12). Em grego clássico esta é uma palavra com uma nobre história. Nos grandes dias de Atenas havia cidadãos generosos que davam voluntariamente de seus bolsos para respaldar os gastos de algum projeto no qual estava comprometida a cidade. Podia ser para custear os gastos da preparação do coro para algum novo drama ou para que alguma equipe competisse para a honra da cidade nos jogos; podia utilizar-se para pagar, equipar e tripular um trirreme ou um navio de guerra se a cidade corria perigo. A leitourgia era originalmente um serviço ao Estado aceito voluntariamente. A oferenda cristã jamais teria que nos ser requerida; deveria ser voluntária. Deveríamos aceitar como um privilégio o ajudar de algum modo à casa de Deus. (8) Uma vez Paulo refere-se a esta oferenda como ellemosune (Atos 24:17). Em grego significa esmolas. O dar esmolas era tão importante para a idéia judia da religião que os judeus utilizavam a mesma palavra para dizer ofertar e justiça. Um judeu houvesse dito: "Como pode demonstrar um homem que é bom se não o fizer por meio de sua generosidade?" (9) Em último lugar Paulo utiliza a palavra prosphora (Atos 24:17). O interessante a respeito isto é que significa tanto oferenda como justiça. No sentido mais real o que se dá a um homem em necessidade é um sacrifício a Deus. O melhor de todos eles, depois do sacrifício do coração penitente, é a bondade demonstrada para com um de seus filhos com problemas ou necessidades. No final desta seção Paulo envia dois de seus ajudantes. O primeiro é Timóteo. Timóteo tinha a desvantagem de ser um homem jovem, e a situação de Corinto era bastante difícil para a experiência de Paulo; seria 1 Coríntios (William Barclay) 164 imensamente pior para ele. A recomendação de Paulo é que respeitem a Timóteo, não por ele, mas pelo trabalho que está realizando. Não é o homem que dignifica o trabalho mas o trabalho é que dignifica o homem. Não há dignidade que se assemelhe à dignidade de uma grande tarefa. O segundo era Apolo. Apolo surge desta passagem como um homem de grande sabedoria. No começo desta carta vimos que havia um partido em Corinto, que sem a sanção de Apolo, vinculou-se a seu nome. Apolo sabia, e, sem dúvida, queria estar longe de Corinto, não fosse que se chegava a ir, esse partido trataria de anexá-lo. Era o suficientemente sagaz para dar-se conta de que, quando uma igreja está dividida em setores partidários, há um momento em que é mais sábio e mais inteligente manter-se longe.
PLANOS PRÁTICOS
1 Coríntios 16:1-12 Nada mais típico de Paulo que a mudança abrupta entre o capítulo 15 e o 16. O primeiro transitou o mais alto reino do pensamento e da teologia, e discutiu a vida no mundo por vir. O segundo, refere-se às coisas mais práticas da maneira mais prática e tem que ver com a vida cotidiana neste mundo e a administração da Igreja. Nenhum pensamento é muito alto para Paulo não chegar a ele, e nenhum detalhe prático da administração é muito pequeno para ele não lembrar. Paulo estava longe de ser um desses sonhadores e visionários que se encontram à vontade no reino da especulação teológica, e que se encontram completamente perdidos nas coisas práticas. Podem ter existido momentos nos quais Paulo tinha a cabeça nas nuvens e para além delas, mas seus pés sempre se assentaram firmemente sobre terreno sólido. 1 Coríntios (William Barclay) 161 Começa falando a respeito da coleta para os santos pobres em Jerusalém. Esta era uma responsabilidade muito apreciada pelo coração de Paulo (ver Gál. 2:10; 2 Cor. caps 8 e 9; Rom. 15:25; Atos 24:17). Havia uma certa irmandade no mundo antigo. No mundo grego havia associações chamadas eranoi. Se uma pessoa passava por dias maus ou por uma necessidade repentina, seus amigos se reuniam para juntar um empréstimo livre de juros para ajudá-la. A sinagoga tinha funcionários cuja tarefa era a de arrecadar dos que tinham e repartir entre os pobres. Freqüentemente os judeus que tinham saído de seu país e tinham prosperado, enviavam mensageiros a Jerusalém com suas contribuições para o templo e para os pobres. Paulo não queria que a Igreja cristã ficasse atrás dos judeus e pagãos em generosidade. Mas para Paulo esta coleta para os pobres de Jerusalém significava mais que isto. (1) Era uma forma de demonstrar a unidade da Igreja. Era uma maneira de ensinar aos cristãos dispersos que não eram membros de uma congregação, mas sim de uma Igreja, e que cada parte dela tinha obrigações para com o resto e era responsável por ele. A posição estreitamente congregacional estava longe da concepção paulina da Igreja. (2) Era uma maneira de tornar efetivo o ensino prático do cristianismo. Ao organizar esta coleta Paulo estava dando a seus conversos a oportunidade de traduzir em ação os ensinos de Cristo sobre a virtude cristã do amor. Assinalou-se que, nas distintas cartas e conversações, Paulo utiliza não menos de nove palavras distintas para descrever esta coleta. (1) Aqui ele a chama logia. Significa uma coleta extra. Uma logia era o oposto de um imposto que se devia pagar; era uma maneira de dar fora do comum. O homem nunca satisfaz seu dever cristão saldando as obrigações que legalmente se vê forçado a cumprir. A pergunta de Jesus era a seguinte: "O que fazem de mais?" (Mateus 5:47). (2) Às vezes ele a chama uma charis. (1 Coríntios 16:3; 2 Cor. 8:4). Como já vimos a característica de charis é que descreve um dom 1 Coríntios (William Barclay) 162 outorgado livremente. O realmente belo não é algo que foi extraído de alguém, não importa quão grande seja, mas sim algo que se dá com o amor que inunda o coração do homem, embora se trate de algo pequeno. Devemos notar que Paulo não estabelece sinceramente o que cada cristão coríntio deve dar. Diz que devem dar de acordo com sua prosperidade. Uma soma que pode não ser nada para um rico, pode representar um grande sacrifício para um pobre. O coração de um homem deve lhe dizer quanto dar. (3) Às vezes utiliza a palavra koinonia (2 Cor. 8:4; 9:13; Rom. 15:6). Koinonia significa comunidade, e a essência da comunidade é compartilhar. A comunidade cristã está baseada no espírito que não pode guardar para si mesmo o que tem, mas sim considera todas as suas posses como coisas que se devem compartilhar com outros. A pergunta predominante não é: "O que guardar para mim?", mas sim: "O que posso dar?" (4) Algumas vezes utiliza a palavra diakonia (2 Cor. 8:4; 9:1,12,13). Diakonia significa serviço cristão prático. Da palavra afim diakonos se deriva nossa palavra diácono. Muitas vezes pode ocorrer que as limitações da vida nos impedem de render um serviço pessoal, e freqüentemente possa suceder que nosso dinheiro possa chegar aonde nós não podemos. (5) Uma vez utiliza a palavra hadrotes cujo significado é abundância (2 Coríntios 8:20). Nessa passagem Paulo fala a respeito dos enviados da Igreja que o acompanham para garantir que ele não malverse a abundância que lhe foi confiada. Paulo nunca teria desejado abundância para si mesmo. Estava de acordo com o que podia ganhar com o trabalho de suas mãos e o suor de seu rosto. Mas seu coração se alegrava quando contava com abundância para dar. É um feio comentário a respeito da natureza humana que, quando um homem sonha com o que faria se fosse milionário, sempre começa pensando no que compraria para si mesmo, e muito poucas vezes no que estaria disposto a dar. 1 Coríntios (William Barclay) 163 (6) Algumas vezes Paulo utiliza a palavra eulogia, que neste caso significa generosidade (2 Coríntios 9:5). Há uma maneira de dar que não é generosa. A outorga como um dever frio e inevitável; dá-se a contra gosto e não com alegria. Em tudo verdadeiro dar há uma generosidade que acima de todas as coisas está feliz de poder dar. (7) Algumas vezes utiliza a palavra leitourgia (2 Coríntios 9:12). Em grego clássico esta é uma palavra com uma nobre história. Nos grandes dias de Atenas havia cidadãos generosos que davam voluntariamente de seus bolsos para respaldar os gastos de algum projeto no qual estava comprometida a cidade. Podia ser para custear os gastos da preparação do coro para algum novo drama ou para que alguma equipe competisse para a honra da cidade nos jogos; podia utilizar-se para pagar, equipar e tripular um trirreme ou um navio de guerra se a cidade corria perigo. A leitourgia era originalmente um serviço ao Estado aceito voluntariamente. A oferenda cristã jamais teria que nos ser requerida; deveria ser voluntária. Deveríamos aceitar como um privilégio o ajudar de algum modo à casa de Deus. (8) Uma vez Paulo refere-se a esta oferenda como ellemosune (Atos 24:17). Em grego significa esmolas. O dar esmolas era tão importante para a idéia judia da religião que os judeus utilizavam a mesma palavra para dizer ofertar e justiça. Um judeu houvesse dito: "Como pode demonstrar um homem que é bom se não o fizer por meio de sua generosidade?" (9) Em último lugar Paulo utiliza a palavra prosphora (Atos 24:17). O interessante a respeito isto é que significa tanto oferenda como justiça. No sentido mais real o que se dá a um homem em necessidade é um sacrifício a Deus. O melhor de todos eles, depois do sacrifício do coração penitente, é a bondade demonstrada para com um de seus filhos com problemas ou necessidades. No final desta seção Paulo envia dois de seus ajudantes. O primeiro é Timóteo. Timóteo tinha a desvantagem de ser um homem jovem, e a situação de Corinto era bastante difícil para a experiência de Paulo; seria 1 Coríntios (William Barclay) 164 imensamente pior para ele. A recomendação de Paulo é que respeitem a Timóteo, não por ele, mas pelo trabalho que está realizando. Não é o homem que dignifica o trabalho mas o trabalho é que dignifica o homem. Não há dignidade que se assemelhe à dignidade de uma grande tarefa. O segundo era Apolo. Apolo surge desta passagem como um homem de grande sabedoria. No começo desta carta vimos que havia um partido em Corinto, que sem a sanção de Apolo, vinculou-se a seu nome. Apolo sabia, e, sem dúvida, queria estar longe de Corinto, não fosse que se chegava a ir, esse partido trataria de anexá-lo. Era o suficientemente sagaz para dar-se conta de que, quando uma igreja está dividida em setores partidários, há um momento em que é mais sábio e mais inteligente manter-se longe.
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