UM NOVO CASAMENTO
1 Coríntios 7:39-40 Paulo ainda sustenta seu ponto de vista. O casamento é uma relação que só pode terminar com a morte. O segundo casamento é perfeitamente permissível, mas Paulo preferiria que a viúva ficasse viúva. Sabemos agora que falava à luz da situação crítica em que pensava que estavam vivendo seus leitores. 1 Coríntios (William Barclay) 75 Em muitos sentidos, um segundo casamento é o carinho mais elevado que aquele que sobrevive pode outorgar ao que já se foi; pois significa que sem o casal a vida é tão solitária que se torna insuportável; significa que com ele ou ela o estado matrimonial foi tão feliz que se está disposto a entrar nele novamente sem temor. Longe de ser um ato desrespeitoso, pode ser considerado como uma honra ao que faleceu. Paulo estabelece uma condição — deve ser um casamento no Senhor. Deve realizar-se entre cristãos. Raramente um casamento misto terá êxito. Faz muito tempo Plutarco, o velho sábio grego, disse: "O casamento não poderá ser feliz se os maridos não compartilharem a mesma religião". O amor supremo chega quando duas pessoas se amam entre si, e quando seu amor se vê santificado por um amor comum em Cristo. Devido ao fato de que então não só vivem juntos, senão que também oram juntos; e a vida e o amor se combinam para ser um ato contínuo de adoração a Deus. Os capítulos 8, 9 e 10 se referem a um problema que nos pode parecer extremamente remoto, mas que era intensamente real para os cristãos de Corinto, Para eles era um problema que exigia uma solução. Perguntavam-se se deviam comer ou não a carne oferecida aos deuses. Antes de começar a estudar estes capítulos em detalhe, faríamos bem em expor o problema e considerar em linhas gerais as soluções que Paulo oferece para os distintos casos, segundo sua incidência na vida. O sacrifício aos deuses era uma parte integral da vida na antigüidade. Podia ser de dois tipos: público ou privado. Em nenhum dos dois casos se consumia todo o animal sobre o altar. A maioria das vezes só se queimava uma mostra do mesmo às vezes tão pequena como uma mecha de cabelo cortado da nuca da vítima. No sacrifício privado o animal era dividido em três partes. Primeiro se queimava a parte simbólica no altar. Em segundo lugar, os sacerdotes recebiam como direito uma porção que compreendia as costelas, a coxa e o lado esquerdo da cara. Em terceiro lugar, a pessoa que oferecia o sacrifício recebia o resto da carne. Com ela oferecia um banquete. Isto se fazia 1 Coríntios (William Barclay) 76 especialmente quando se celebravam casamentos. Algumas vezes estas festas se realizavam na casa do anfitrião e outras no templo do deus ao qual se tinha feito o sacrifício. Temos por exemplo um papiro com um convite a comer que diz o seguinte: "Antônio, filho de Ptolomeu, convida-os para jantar com ele na mesa de nosso Senhor Serapis". Serapis era o deus a quem se havia sacrificado. O problema que os cristãos deviam enfrentar era: "Podiam tomar parte de tal festa? Podiam levar à boca a carne que tinha sido oferecida a um ídolo, a um deus pagão?" Se não podiam, obviamente teriam que deixar de assistir a todos os eventos sociais. No sacrifício público, ou seja o sacrifício devotado pelo Estado, que era muito comum, depois de a quantidade simbólica de carne requerida ser queimada, e depois de os sacerdotes terem recebido sua parte, dava-se o resto da carne aos magistrados e a outros. O que estes não necessitavam o vendiam aos mercados; e portanto, até a carne que comprava neles podia já ter sido oferecida a um ídolo e a um deus pagão. Desta perspectiva nunca se sabia quando se poderia estar comendo carne que fazia parte de um sacrifício a um ídolo. O que complicava tudo ainda mais era o seguinte: nesse então se cria forte e pavorosamente em demônios e diabos. O ar estava cheio deles e sempre estavam buscando a maneira de introduzir-se no corpo de um homem, e, se o conseguiam, danificavam seu corpo e desequilibravam sua mente. Uma das formas em que estes espíritos penetravam era através das comidas; estabeleciam-se na comida enquanto o homem comia e entravam nele. Uma das maneiras de evitar isto era dedicar a carne a algum deus bom; e a presença do deus bom na carne levantava uma barreira contra os espírito malignos. Por essa razão, dedicavam-se quase todos os animais aos deuses antes de matá-los; e, se não se o fazia, a carne era bendita no nome de um deus antes de comê-la, como defesa. Portanto, quase não se podia comer carne que não estivesse relacionada em uma ou outra forma com um deus pagão. Podiam comê-la os cristãos? Esse era o problema, e em realidade, embora agora nos pareça um assunto muito remoto, que só a um antiquário pôde interessar, o fato é que para os cristãos em Corinto e em qualquer cidade grega, era um problema que concernia a toda sua vida, e que tinha que ser solucionado em uma forma ou outra. Os conselhos que dá Paulo se dividem em seções diferentes. (1) No capítulo 8 estabelece o princípio de que, por muito que o cristão forte e iluminado se creia livre da infecção dos ídolos pagãos, embora creia que o ídolo é o símbolo de algo que não existe absolutamente, não deve fazer nada que machuque, danifique ou assombre a consciência de um irmão cuja mente não está tão esclarecida nem é tão forte como a sua. (2) No capítulo 9 se refere àqueles que invocam os princípios da liberdade cristã. Assinala que ele tem liberdade para fazer muitas coisas, mas se abstém de fazê-las pelo bem da Igreja. Tem plena consciência da liberdade cristã, mas também tem plena consciência da responsabilidade cristã. (3) No capítulo 10:1-13 se refere àqueles que declaram que seu conhecimento cristão e sua posição privilegiada os salvam de qualquer infecção. Cita o exemplo dos israelitas que tinham todos os privilégios do Povo Eleito por Deus e, no entanto, caíram no pecado. (4) No capítulo 10:14-22 utiliza o argumento de que qualquer homem que se sentou à mesa do Senhor não pode fazê-lo à mesa de um deus pagão, embora esse deus não seja nada. Há algo essencialmente equivocado em levar à boca a carne oferecida a um deus falso, sendo que essa boca comeu o sangue e o corpo de Jesus Cristo. (5) No capítulo 10:23-26 aconselha a não exagerar as coisas. Podese comprar em qualquer posto o que se oferece, sem fazer perguntas. (6) No capítulo 10:27, 28 se refere ao problema do que se deve fazer nas casas particulares. Nelas o cristão comerá o que lhe ponham diante, sem fazer perguntas; mas se lhe informam, deliberadamente, que 1 Coríntios (William Barclay) 78 a carne que está em seu prato foi parte de um sacrifício pagão, será um desafio à sua posição como cristão e se negará a comê-la. (7) Finalmente em 10:29—11:1, Paulo estabelece se princípio de que a conduta do cristão deve estar por cima de toda recriminação e no possível não deve ofender nem aos judeus nem aos que não o são. É melhor sacrificar os seus direitos que permitir que estes se convertam em uma ofensa. Agora podemos passar a considerar os capítulos em detalhe. 1 Coríntios 8 Conselho aos sábios - 8:1-13
1 Coríntios 7:39-40 Paulo ainda sustenta seu ponto de vista. O casamento é uma relação que só pode terminar com a morte. O segundo casamento é perfeitamente permissível, mas Paulo preferiria que a viúva ficasse viúva. Sabemos agora que falava à luz da situação crítica em que pensava que estavam vivendo seus leitores. 1 Coríntios (William Barclay) 75 Em muitos sentidos, um segundo casamento é o carinho mais elevado que aquele que sobrevive pode outorgar ao que já se foi; pois significa que sem o casal a vida é tão solitária que se torna insuportável; significa que com ele ou ela o estado matrimonial foi tão feliz que se está disposto a entrar nele novamente sem temor. Longe de ser um ato desrespeitoso, pode ser considerado como uma honra ao que faleceu. Paulo estabelece uma condição — deve ser um casamento no Senhor. Deve realizar-se entre cristãos. Raramente um casamento misto terá êxito. Faz muito tempo Plutarco, o velho sábio grego, disse: "O casamento não poderá ser feliz se os maridos não compartilharem a mesma religião". O amor supremo chega quando duas pessoas se amam entre si, e quando seu amor se vê santificado por um amor comum em Cristo. Devido ao fato de que então não só vivem juntos, senão que também oram juntos; e a vida e o amor se combinam para ser um ato contínuo de adoração a Deus. Os capítulos 8, 9 e 10 se referem a um problema que nos pode parecer extremamente remoto, mas que era intensamente real para os cristãos de Corinto, Para eles era um problema que exigia uma solução. Perguntavam-se se deviam comer ou não a carne oferecida aos deuses. Antes de começar a estudar estes capítulos em detalhe, faríamos bem em expor o problema e considerar em linhas gerais as soluções que Paulo oferece para os distintos casos, segundo sua incidência na vida. O sacrifício aos deuses era uma parte integral da vida na antigüidade. Podia ser de dois tipos: público ou privado. Em nenhum dos dois casos se consumia todo o animal sobre o altar. A maioria das vezes só se queimava uma mostra do mesmo às vezes tão pequena como uma mecha de cabelo cortado da nuca da vítima. No sacrifício privado o animal era dividido em três partes. Primeiro se queimava a parte simbólica no altar. Em segundo lugar, os sacerdotes recebiam como direito uma porção que compreendia as costelas, a coxa e o lado esquerdo da cara. Em terceiro lugar, a pessoa que oferecia o sacrifício recebia o resto da carne. Com ela oferecia um banquete. Isto se fazia 1 Coríntios (William Barclay) 76 especialmente quando se celebravam casamentos. Algumas vezes estas festas se realizavam na casa do anfitrião e outras no templo do deus ao qual se tinha feito o sacrifício. Temos por exemplo um papiro com um convite a comer que diz o seguinte: "Antônio, filho de Ptolomeu, convida-os para jantar com ele na mesa de nosso Senhor Serapis". Serapis era o deus a quem se havia sacrificado. O problema que os cristãos deviam enfrentar era: "Podiam tomar parte de tal festa? Podiam levar à boca a carne que tinha sido oferecida a um ídolo, a um deus pagão?" Se não podiam, obviamente teriam que deixar de assistir a todos os eventos sociais. No sacrifício público, ou seja o sacrifício devotado pelo Estado, que era muito comum, depois de a quantidade simbólica de carne requerida ser queimada, e depois de os sacerdotes terem recebido sua parte, dava-se o resto da carne aos magistrados e a outros. O que estes não necessitavam o vendiam aos mercados; e portanto, até a carne que comprava neles podia já ter sido oferecida a um ídolo e a um deus pagão. Desta perspectiva nunca se sabia quando se poderia estar comendo carne que fazia parte de um sacrifício a um ídolo. O que complicava tudo ainda mais era o seguinte: nesse então se cria forte e pavorosamente em demônios e diabos. O ar estava cheio deles e sempre estavam buscando a maneira de introduzir-se no corpo de um homem, e, se o conseguiam, danificavam seu corpo e desequilibravam sua mente. Uma das formas em que estes espíritos penetravam era através das comidas; estabeleciam-se na comida enquanto o homem comia e entravam nele. Uma das maneiras de evitar isto era dedicar a carne a algum deus bom; e a presença do deus bom na carne levantava uma barreira contra os espírito malignos. Por essa razão, dedicavam-se quase todos os animais aos deuses antes de matá-los; e, se não se o fazia, a carne era bendita no nome de um deus antes de comê-la, como defesa. Portanto, quase não se podia comer carne que não estivesse relacionada em uma ou outra forma com um deus pagão. Podiam comê-la os cristãos? Esse era o problema, e em realidade, embora agora nos pareça um assunto muito remoto, que só a um antiquário pôde interessar, o fato é que para os cristãos em Corinto e em qualquer cidade grega, era um problema que concernia a toda sua vida, e que tinha que ser solucionado em uma forma ou outra. Os conselhos que dá Paulo se dividem em seções diferentes. (1) No capítulo 8 estabelece o princípio de que, por muito que o cristão forte e iluminado se creia livre da infecção dos ídolos pagãos, embora creia que o ídolo é o símbolo de algo que não existe absolutamente, não deve fazer nada que machuque, danifique ou assombre a consciência de um irmão cuja mente não está tão esclarecida nem é tão forte como a sua. (2) No capítulo 9 se refere àqueles que invocam os princípios da liberdade cristã. Assinala que ele tem liberdade para fazer muitas coisas, mas se abstém de fazê-las pelo bem da Igreja. Tem plena consciência da liberdade cristã, mas também tem plena consciência da responsabilidade cristã. (3) No capítulo 10:1-13 se refere àqueles que declaram que seu conhecimento cristão e sua posição privilegiada os salvam de qualquer infecção. Cita o exemplo dos israelitas que tinham todos os privilégios do Povo Eleito por Deus e, no entanto, caíram no pecado. (4) No capítulo 10:14-22 utiliza o argumento de que qualquer homem que se sentou à mesa do Senhor não pode fazê-lo à mesa de um deus pagão, embora esse deus não seja nada. Há algo essencialmente equivocado em levar à boca a carne oferecida a um deus falso, sendo que essa boca comeu o sangue e o corpo de Jesus Cristo. (5) No capítulo 10:23-26 aconselha a não exagerar as coisas. Podese comprar em qualquer posto o que se oferece, sem fazer perguntas. (6) No capítulo 10:27, 28 se refere ao problema do que se deve fazer nas casas particulares. Nelas o cristão comerá o que lhe ponham diante, sem fazer perguntas; mas se lhe informam, deliberadamente, que 1 Coríntios (William Barclay) 78 a carne que está em seu prato foi parte de um sacrifício pagão, será um desafio à sua posição como cristão e se negará a comê-la. (7) Finalmente em 10:29—11:1, Paulo estabelece se princípio de que a conduta do cristão deve estar por cima de toda recriminação e no possível não deve ofender nem aos judeus nem aos que não o são. É melhor sacrificar os seus direitos que permitir que estes se convertam em uma ofensa. Agora podemos passar a considerar os capítulos em detalhe. 1 Coríntios 8 Conselho aos sábios - 8:1-13
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