INTRODUÇÃO GERAL ÀS CARTAS DE PAULO
As cartas de Paulo
No Novo Testamento não há outra série de documentos mais
interessante que as cartas de Paulo. Isto se deve a que de todas as formas
literárias, a carta é a mais pessoal. Demétrio, um dos críticos literários
gregos mais antigos, escreveu uma vez: "Todos revelamos nossa alma
nas cartas. É possível discernir o caráter do escritor em qualquer outro
tipo de escrito, mas em nenhum tão claramente como nas epístolas"
(Demétrio, On Style, 227).
Justamente pelo fato de Paulo nos deixar tantas cartas, sentimos que
o conhecemos tão bem. Nelas abriu sua mente e seu coração àqueles que
tanto amava; e nelas, até o dia de hoje, podemos ver essa grande
inteligência abordando os problemas da Igreja primitiva, e podemos
sentir esse grande coração pulsando com o amor pelos homens, mesmo
que estivessem desorientados e equivocados.
1 Coríntios (William Barclay) 5
A dificuldade das cartas
E entretanto, é certo que não há nada tão difícil como compreender
uma carta. Demétrio (em On Style, 223) cita um dito do Artimón, que
compilou as cartas do Aristóteles. Dizia Artimón que uma carta deveria
ser escrita na mesma forma que um diálogo, devido a que considerava
que uma carta era um dos lados de um diálogo. Dizendo o de maneira
mais moderna, ler uma carta é como escutar a uma só das pessoas que
tomam parte em uma conversação telefônica. De modo que quando
lemos as cartas de Paulo freqüentemente nos encontramos com uma
dificuldade: não possuímos a carta que ele estava respondendo; não
conhecemos totalmente as circunstâncias que estava enfrentando; só da
carta podemos deduzir a situação que lhe deu origem. Sempre, ao ler
estas cartas, nos apresenta um problema dobro: devemos compreender a
carta, e está o problema anterior de que não a entenderemos se não
captarmos a situação que a motivou. Devemos tratar continuamente de
reconstruir a situação que nos esclareça carta.
As cartas antigas
É uma grande lástima que se chamasse epístolas às cartas de Paulo.
São cartas no sentido mais literal da palavra. Uma das maiores chaves na
interpretação do Novo Testamento foi o descobrimento e a publicação
dos papiros. No mundo antigo o papiro era utilizado para escrever a
maioria dos documentos. Estava composto de tiras da medula de um
junco que crescia nas ribeiras do Nilo. Estas tiras ficavam uma sobre a
outra para formar uma substância muito parecida com nosso papel de
envolver. As areias do deserto do Egito eram ideais para a preservação
do papiro, porque apesar de ser muito frágil, podia durar eternamente se
não fosse atingido pela umidade. De modo que das montanhas de
escombros egípcios os arqueólogos resgataram literalmente centenas de
documentos, contratos de casamento, acordos legais, inquéritos governamentais, e, o que é mais interessante, centenas de cartas
particulares. Quando as lemos vemos que todas elas respondiam a um
modelo determinado; e vemos que as cartas de Paulo reproduzem exata e
precisamente tal modelo. Aqui apresentamos uma dessas cartas antigas.
Pertence a um soldado, chamado Apion, que a dirige a seu pai Epímaco.
Escrevia de Miseno para dizer a seu pai que chegou a salvo depois de
uma viagem tormentosa.
"Apion envia suas saudações mais quentes a seu pai e senhor
Epímaco. Rogo acima de tudo que esteja bem e são; e que. tudo parta bem
para ti, minha irmã e sua filha, e meu irmão. Agradeço a meu Senhor Serapi
[seu Deus] que me tenha salvado a vida quando estava em perigo no mar.
logo que cheguei ao Miseno obtive meu pagamento pela viagem —três
moedas de ouro. Vai muito bem. portanto te rogo, querido pai, que me
escreva, em primeiro lugar para me fazer saber que tal está, me dar notícias
de meus irmãos e em terceiro lugar, me permita te beijar a mão, porque me
criaste muito bem, e porque, espero, se Deus quiser, me promova logo.
Envio minhas quentes saudações a Capito, a meus irmãos, a Serenila e a
meus amigos. Envio a você um quadro de minha pessoa pintado pelo
Euctemo. Meu nome militar é Antônio Máximo. Rogo por sua saúde. Sereno,
o filho do Agato Daimón, e Turvo, o filho do Galiano, enviam saudações. (G.
Milligan, Seleções de um papiro grego, 36).
Apion jamais pensou que estaríamos lendo sua carta a seu pai mil e
oitocentos anos depois de havê-la escrito. Ela mostra o pouco que muda
a natureza humana. O jovem espera que ser logo ascendido. Certamente
Serenila era a noiva que tinha deixado em sua cidade. Envia á sua
família o que na antiguidade equivalia a uma fotografia. Esta carta se
divide em várias seções.
(1) Há uma saudação.
(2) Roga-se pela saúde dos destinatários.
(3) Agradece-se aos deuses.
(4) Há o conteúdo especial.
(5) Finalmente, as saudações especiais e os pessoais.
Virtualmente cada uma das cartas de Paulo se divide exatamente nas mesmas seções. as consideremos com respeito às cartas do apóstolo. (1) A saudação: Romanos 1:1; 1 Coríntios 1:1; 2 Coríntios 1:1; Gálatas 1:1; Efésios 1:1; Filipenses 1:1; Comesse guloseimas 1:1-2; 1 Tessalonicenses 1:1; 2 Tessalonicenses 1:1. (2) A oração: em todos os casos Paulo ora pedindo a graça de Deus para com a gente a que escreve: Romanos 1:7; 1 Coríntios 1:3; 2 Coríntios 1:2; Gálatas 1:3; Efésios 1:2; Filipenses 1:3; Colossenses 1:2; 1 Tessalonicenses 1:3; 2 Tessalonicenses 1:3. (3) O agradecimento: Romanos 1:8; 1 Coríntios 1:4; 2 Coríntios 1:3 Efésios 1:3; Filipenses 1:3; 1 Tessalonicenses 1:3; 2 Tessalonicenses 1:2. (4) O conteúdo especial: o corpo principal da carta constitui o conteúdo especial. (5) Saudações especiais e pessoais: Romanos 16; 1 Coríntios 16:19; 2 Coríntios 13:13; Filipenses 4:21-22; Colossenses 4:12-15; 1 Tessalonicenses 5:26. É evidente que quando Paulo escrevia suas cartas o fazia segundo a forma em que todos faziam. Deissmann, o grande erudito, disse a respeito destas cartas: "Diferem das mensagens achadas nos papiros do Egito não como cartas, mas somente em que foram escritas por Paulo." Quando as lemos encontramos que não estamos diante de exercícios acadêmicos e tratados teológicos, mas diante de documentos humanos escritos por um amigo a seus amigos. A situação imediata Com bem poucas exceções Paulo escreveu suas cartas para enfrentar uma situação imediata. Não são tratados em que Paulo se sentou a escrever na paz e no silêncio de seu estudo. Havia uma situação ameaçadora em Corinto, Galácia, Filipos ou Tessalônica. E escreveu para enfrentá-la. Ao escrever, não pensava em nós absolutamente; só tinha posta sua mente nas pessoas a quem se dirigia. Deissmann escreve: 1 Coríntios (William Barclay) 8 "Paulo não pensava em acrescentar nada às já extensas epístolas dos judeus; e menos em enriquecer a literatura sagrada de sua nação... Não pressentia o importante lugar que suas palavras ocupariam na história universal; nem sequer que existiriam na geração seguinte, e muito menos que algum dia as pessoas as considerariam como Sagradas Escrituras." Sempre devemos lembrar que não porque algo se refira a uma situação imediata tem que ser de valor transitivo. Todos os grandes cantos de amor foram escritos para uma só pessoa, mas todo mundo adora. Justamente pelo fato de as cartas de Paulo serem escritas para enfrentar uma situação ameaçadora ou uma necessidade clamorosa ainda têm vida. E porque a necessidade e a situação humanas não mudam, Deus nos fala hoje através delas. A palavra falada Devemos notar mais uma coisa nestas cartas. Paulo fez o que a maioria das pessoas faziam em seus dias. Normalmente ele não escrevia suas cartas; ditava-as e logo colocava sua assinatura autenticando-as. Hoje sabemos o nome das pessoas que escreveram as cartas. Em Romanos 16:22, Tércio, o secretário, inclui suas saudações antes de finalizar a carta. Em 1 Coríntios 16:21 Paulo diz: “A saudação, escrevo-a eu, Paulo, de próprio punho.” Ou seja: Esta é minha própria assinatura, meu autógrafo, para que possam estar seguros de que a carta provém de mim. (Ver Colossenses 4:18; 2 Tessalonicenses 3:17.) Isto explica muitas coisas. Às vezes é muito difícil entender a Paulo, porque suas orações começam e não terminam nunca; sua gramática falha e suas frases se confundem. Não devemos pensar que Paulo se sentou tranqüilo diante de um escritório, e burilou cada uma das frases que escreveu. Devemos imaginá-lo caminhando de um lado para outro numa pequena habitação, pronunciando uma corrente de palavras, enquanto seu secretário se apressava a escrevê-las. Quando Paulo compunha suas cartas, tinha em mente a imagem das pessoas às quais
(1) Há uma saudação.
(2) Roga-se pela saúde dos destinatários.
(3) Agradece-se aos deuses.
(4) Há o conteúdo especial.
(5) Finalmente, as saudações especiais e os pessoais.
Virtualmente cada uma das cartas de Paulo se divide exatamente nas mesmas seções. as consideremos com respeito às cartas do apóstolo. (1) A saudação: Romanos 1:1; 1 Coríntios 1:1; 2 Coríntios 1:1; Gálatas 1:1; Efésios 1:1; Filipenses 1:1; Comesse guloseimas 1:1-2; 1 Tessalonicenses 1:1; 2 Tessalonicenses 1:1. (2) A oração: em todos os casos Paulo ora pedindo a graça de Deus para com a gente a que escreve: Romanos 1:7; 1 Coríntios 1:3; 2 Coríntios 1:2; Gálatas 1:3; Efésios 1:2; Filipenses 1:3; Colossenses 1:2; 1 Tessalonicenses 1:3; 2 Tessalonicenses 1:3. (3) O agradecimento: Romanos 1:8; 1 Coríntios 1:4; 2 Coríntios 1:3 Efésios 1:3; Filipenses 1:3; 1 Tessalonicenses 1:3; 2 Tessalonicenses 1:2. (4) O conteúdo especial: o corpo principal da carta constitui o conteúdo especial. (5) Saudações especiais e pessoais: Romanos 16; 1 Coríntios 16:19; 2 Coríntios 13:13; Filipenses 4:21-22; Colossenses 4:12-15; 1 Tessalonicenses 5:26. É evidente que quando Paulo escrevia suas cartas o fazia segundo a forma em que todos faziam. Deissmann, o grande erudito, disse a respeito destas cartas: "Diferem das mensagens achadas nos papiros do Egito não como cartas, mas somente em que foram escritas por Paulo." Quando as lemos encontramos que não estamos diante de exercícios acadêmicos e tratados teológicos, mas diante de documentos humanos escritos por um amigo a seus amigos. A situação imediata Com bem poucas exceções Paulo escreveu suas cartas para enfrentar uma situação imediata. Não são tratados em que Paulo se sentou a escrever na paz e no silêncio de seu estudo. Havia uma situação ameaçadora em Corinto, Galácia, Filipos ou Tessalônica. E escreveu para enfrentá-la. Ao escrever, não pensava em nós absolutamente; só tinha posta sua mente nas pessoas a quem se dirigia. Deissmann escreve: 1 Coríntios (William Barclay) 8 "Paulo não pensava em acrescentar nada às já extensas epístolas dos judeus; e menos em enriquecer a literatura sagrada de sua nação... Não pressentia o importante lugar que suas palavras ocupariam na história universal; nem sequer que existiriam na geração seguinte, e muito menos que algum dia as pessoas as considerariam como Sagradas Escrituras." Sempre devemos lembrar que não porque algo se refira a uma situação imediata tem que ser de valor transitivo. Todos os grandes cantos de amor foram escritos para uma só pessoa, mas todo mundo adora. Justamente pelo fato de as cartas de Paulo serem escritas para enfrentar uma situação ameaçadora ou uma necessidade clamorosa ainda têm vida. E porque a necessidade e a situação humanas não mudam, Deus nos fala hoje através delas. A palavra falada Devemos notar mais uma coisa nestas cartas. Paulo fez o que a maioria das pessoas faziam em seus dias. Normalmente ele não escrevia suas cartas; ditava-as e logo colocava sua assinatura autenticando-as. Hoje sabemos o nome das pessoas que escreveram as cartas. Em Romanos 16:22, Tércio, o secretário, inclui suas saudações antes de finalizar a carta. Em 1 Coríntios 16:21 Paulo diz: “A saudação, escrevo-a eu, Paulo, de próprio punho.” Ou seja: Esta é minha própria assinatura, meu autógrafo, para que possam estar seguros de que a carta provém de mim. (Ver Colossenses 4:18; 2 Tessalonicenses 3:17.) Isto explica muitas coisas. Às vezes é muito difícil entender a Paulo, porque suas orações começam e não terminam nunca; sua gramática falha e suas frases se confundem. Não devemos pensar que Paulo se sentou tranqüilo diante de um escritório, e burilou cada uma das frases que escreveu. Devemos imaginá-lo caminhando de um lado para outro numa pequena habitação, pronunciando uma corrente de palavras, enquanto seu secretário se apressava a escrevê-las. Quando Paulo compunha suas cartas, tinha em mente a imagem das pessoas às quais
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